Coronavírus | Especialista esclarece o que é e como se transmite a pneumonia viral

O coronavírus, que teve início na China, já provocou 17 mortos e continua a alastrar a vários países. Governo português lança alerta aos viajantes, Direção Geral de Saúde divulga nota sobre cuidados a ter e um pneumologista explica o que é, quais os sintomas e como se transmite.

Coronavírus | Especialista esclarece o que é e como se transmite a pneumonia viral

Os países asiáticos estão em alerta máximo devido ao coronavírus que causa pneumonia e já tinha provocado até meio do dia 22 de janeiro 17 mortos entre as mais de 470 pessoas infetadas, quase todas oriundas da cidade de Wuhan, na China. Coreia do Sul, Japão, Tailândia e, mais recentemente, em Macau e nos EUA também se registaram novos casos, situação que está a deixar a comunidade e o Mundo receosos sobre a possibilidade da existência de uma nova epidemia, como foi o caso da pneumonia atípica ou da Síndrome Respiratória Aguda Grave que, entre 2002 e 2003, fez 650 mortes na China e em Hong Kong. Até porque se estima que o número de infetados seja muito maior do que até à data foi divulgado.

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Governo português alerta para perigos do vírus

Depois de o número de mortos continuar a aumentar e o casos alastrarem a outros países, o Governo indica que as autoridades de saúde chinesas e a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmaram a existência de um surto de pneumonia, causada por um novo coronavírus, que teve origem em dezembro de 2019 em Wuhan, na província de Hubei. A Comissão Nacional de Saúde da China alertou que o novo tipo de coronavírus, espécie de vírus que causa infeções respiratórias em seres humanos e animais, «pode sofrer mutações e espalhar-se mais facilmente».

Também na quarta-feira, 22 de janeiro, o Governo aconselhou os portugueses que viagem para a China a informarem-se sobre a evolução de um novo vírus detetado naquele país. E recomendou aos turistas e residentes que se registem ou inscrevam no consulado. «Aos viajantes, em especial aos que se desloquem à China e a regiões limítrofes, recomenda-se que estejam devidamente informados sobre a evolução da situação e que permaneçam atentos aos comunicados publicados nos portais da Direção-Geral da Saúde, do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças e da Organização Mundial da Saúde», avisa o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Especialista esclarece principais dúvidas sobre o coronavírus

O surto surge numa altura em que milhões de chineses viajam, por ocasião do Ano Novo Lunar, principal festa das famílias chinesas, equivalente ao Natal nos países ocidentais. Segundo o Ministério dos Transportes chinês, o país deve registar um total de três mil milhões de viagens internas em pouco mais de um mês.  Vítor Oliveira Fonseca, coordenador do Serviço de Pneumologia do Hospital de Cascais explica ao Portal de Notícias algumas dúvidas.

 

O que é este novo tipo de coronavírus?

O Coronavírus é um importante agente patogénico de infeções respiratórias, sendo responsável por um terço de todas as infeções respiratórias altas, sobretudo na altura de inverno e, provavelmente, desempenha também um importante papel nas infeções mais severas. Este novo vírus, detetado na China, é uma nova mutação do coronavírus que já provocou vários casos de pneumonia, com o óbitos conhecidos de doentes com muitas comorbilidades, à semelhança do que já acontece com o vírus da gripe.

Já está provado que se transmite entre homens e animais. De que forma?

O depósito natural do coronavírus são pássaros, mamíferos em geral e morcegos. Existem pelo menos cinco serotipos de vírus que afetam o ser humano. A transmissão de animais para seres humanos, à semelhança do vírus influenza/gripe, acontece, sobretudo, com mutações dos vírus existentes, adquirindo capacidade de infetar e de se propagar ao ser humano. Neste serotipo específico, a transmissão animal/humano ainda não foi provada laboratorialmente. Já a transmissão entre seres humanos acontece com a maioria dos vírus respiratórios, por contacto direto com secreções infetadas ou por inalação de partículas infetadas libertadas pela respiração.

O que é que a comunidade médica sabe sobre esta pneumonia viral?

Que provoca, à semelhança dos outros serotipos, uma infeção respiratória das vias aéreas superiores, podendo causar nos casos mais graves uma pneumonia viral com quadro do síndrome de dificuldade respiratória aguda semelhante ao dos surtos registados anteriormente.

A que sintomas devem as pessoas estar atentas?

Os sintomas mais comuns são semelhantes ao de uma gripe, com febre, tosse, falta de ar e dificuldade respiratória. Nos casos mais graves, podemos ter sintomas semelhantes ao de uma pneumonia com confusão mental, cianose [coloração azulada da pele decorrente de oxigenação insuficiente do sangue] e mal-estar geral.

Estamos perante uma epidemia idêntica à da gripe A?

Ainda é muito cedo para dizer que vai ser semelhante ao surto da gripe A, uma vez que estamos numa fase inicial deste surto.

DGS relembra cuidados a ter nesta altura

• Evitar contato próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas;
• Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes;
• Evitar contacto com animais;
• Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e a boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
• Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.
• Se os viajantes com estadia em Wuhan apresentarem sintomas sugestivos de doença respiratória, durante ou após a viagem, deverão procurar atendimento médico, informando-o sobre a sua história de viagem.

Texto: Carla S. Rodrigues

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