Coleção Mário Teixeira da Silva exposta em Serralves até junho com 260 obras

Obras de Paula Rego, Helena Almeida, Julião Sarmento, Paulo Nozolino e Nan Goldin fazem parte das 210 peças de arte que compõem a nova exposição de Serralves intitulada “Canção contemporânea”, que estará patente até 1 de junho.

Coleção Mário Teixeira da Silva exposta em Serralves até junho com 260 obras

É na nova Ala Siza Vieira de Serralves, espaço dedicado à mostra das Coleção de Serralves, que descobrimos a exposição “Canção Contemporânea — Obras da Coleção de Mário Teixeira Silva” (Porto 1947-2003 Lisboa) que reúne 210 obras de 116 artistas portugueses e estrangeiros, explicou Marta Almeida, curadora da exposição, durante uma visita de imprensa.

Uma pintura da artista portuguesa Paula Rego, com cerca de três metros de altura, da série “As Viviane Girls no fim do mundo” (1984), e a escultura “Chantier II” (“Estaleiro II”, 1992) , do artista belga Wim Delvoye, abrem a exposição que vai estar patente ao público a partir da próxima quinta-feira, até dia 1 de junho do próximo ano.

Esta exposição é a primeira apresentação em Serralves da coleção de arte contemporânea criada pelo galerista e colecionador Mário Teixeira da Silva, depositada em fevereiro deste ano na Coleção Serralves.

“Contemporany Song” (“Canção Contemporânea”, 1984), do artista alemão Franz Erhard Walther, que dá nome à mostra, é uma das obras destacadas pela curadora.

“Acho que identifiquei traços de personalidade e do modo de trabalhar de Mário Teixeira da Silva muito nesta peça de Franz Erhard Walther”, explicou, recordando que o galerista, fundador da Módulo, tinha uma “perceção global de como é que uma obra – ou uma exposição – devia ser organizada e usufruída”.

O galerista e colecionador gostava de trabalhar com os artistas para fazer exposições no seu projeto galerístico, Módulo – Centro Difusor de Arte, inaugurado em maio de 1975, acabando por adquirir obras dos artistas para a sua coleção.

“Tal como o processo de criação de Franz Erhard Walther é tão abrangente e incluí o visitante, acho que [essa característica] também faz parte do perfil do Mário Teixeira da Silva, quando se envolve com os artistas e quando começa a trabalhar com esses artistas e os coleciona”, acrescentou a curadora, para explicar o porquê da escolha do título da nova exposição de Serralves.

O processo de criação do artista belga Franz Erhard Walther engloba o visitante e há momentos em que a obra pode ser manipulada, vestida, tocada e sentida, como acontece com “Contemporary Song”, a obra.

A coleção de arte de Mário Teixeira da Silva começou a ser trabalhada no final dos anos 1960, em Londres, quando adquiriu duas fotografias de Bill Brandt, na Photographer’s Gallery.

A coleção de Mário Teixeira da Silva, aliás, está recheada de fotografia. Algumas que se podem ver na exposição são assinadas por fotógrafos portugueses e estrangeiros como Paulo Nozolino, Larry Clark, Francesca Woodman, Eulalia Validosera, Jorge Molder, Nan Goldin, Wolgang Tilmans, Brígida Mendes, Erwin Wurm, entre muitos outros.

“Há uma categoria importante que atravessa toda a historia da vida [do galerista] que é a fotografia. Há obras fotográficas de Julião Sarmento, Alberto Carneiro, Helena Almeida”, enumerou a curadora, recordando que Mário Teixeira da Silva tinha no seu próprio quarto “As Viviane Girls no fim do mundo”, de Paula Rego, e a “Pintura Habitada”, composta por sete fotografias, de Helena Almeida.

“Neste momento, [vivemos] aquele sentimento de missão cumprida de termos a coleção [de Mário Teixeira da Silva], num melhor museu possível [onde] poderia estar, com maior projeção nacional e internacional”, declarou aos jornalistas Mariana Ferreira Lopes, sobrinha de Mário Teixeira da Silva, sublinhando que Serralves “realmente vai dar acesso à comunidade o contacto” com as obras e o arquivo, também entregue à instituição.

Para a sobrinha do galerista há “o sentimento de que volta às origens”: “Além de ser do Porto, [Mário Teixeira da Silva] também fez parte do núcleo inicial de Serralves”

Mário Teixeira da Silva manteve a aquisição de obras até ao fim da vida. “Esteve a construir a sua coleção”, até aos últimos dias, conta Marta Almeida, assinalando derradeiras aquisições, como peças de Fernando Lenhas, Jorge Queirós, Álvaro Lapa ou Augusto Alves da Silva.

O galerista nasceu no Porto, em 1947, onde estudou Engenharia Química, mas foi em torno do universo da arte que centrou a sua atividade profissional. No final dos anos 1960, estudou História da Arte no Courtauld Institute of Art, em Londres, e estagiou nas Waddington Galleries, também na capital britânica.

Na década de 1980, estudou museologia nos Estados Unidos, que sustenta o desenvolvimento do seu projeto galerístico. Desde o início, há uma forte aposta em jovens artistas em início de carreira.

Já nos anos 2000, acrescenta ao acervo trabalhos de criadores como Ana Jotta, Adriana Varejão, António Júlio Duarte, João Pedro Vale, Nedko Solakov, Wolgang Tillmans, Ana Mata, João Jacinto, Brígida Mendes e Marta Soares, entre outros.

O olhar do colecionador alarga-se ainda para peças anteriores à arte contemporânea e adquire obras modernistas e oitocentistas, como as pinturas agora apresentadas na exposição de Serralves de Aurélia de Souza, António Carneiro e de arte tribal.

CCM // MAG

By Impala News / Lusa

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