Últimas chuvas com impacto quase nulo nas barragens portuguesas
As últimas chuvas tiveram um impacto quase nulo nos níveis de água das barragens algarvias e o volume disponível dá garantias para um ano de abastecimento público.
As últimas chuvas tiveram um impacto quase nulo nos níveis de água das barragens algarvias e o volume disponível dá garantias para um ano de abastecimento público, estimou à Lusa fonte do Ministério do Ambiente e Ação Climática (MAAC). Questionado pela Lusa sobre a situação atual das barragens, após as chuvas registadas em outubro, e sobre os efeitos da seca na Algarve, o ministério respondeu que “o volume total armazenado” nas albufeiras regionais é de 145 hectómetros cúbicos de água e está assegurado o abastecimento público até 2023, caso as precipitações não permitam uma recuperação das reservas.
O MACC esclareceu que o valor de 145 hectómetros se refere ao volume total armazenado nas seis albufeiras da região do Algarve – Arade, Bravura, Funcho e Odelouca, no barlavento (oeste), e Beliche e Odeleite, no sotavento (leste) – e assinalou que foram adotadas medidas para promover uma estratégia de controlo dos consumos e das disponibilidades hídricas. “Na região do Algarve, o volume armazenado nas albufeiras é de cerca de 145 hm3 [hectómetros cúbicos], que garante um ano de abastecimento para consumo público. Os volumes totais armazenados nas albufeiras mantêm-se sem grande variação desde setembro”, diagnosticou o Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC).
A escassez de água no Algarve, uma das regiões do país mais afetada pela seca, é visível nos dados disponibilizados a 04 de novembro pela Águas do Algarve, de acordo com os quais os níveis das três barragens sob sua gestão (Odelouca, Beliche e Odeleite) oscilam entre os 17 e os 14%. No total, as três barragens têm capacidade para armazenar perto de 280 hectómetros cúbicos de volume útil, mas, a 04 de novembro, apenas estavam disponíveis 45,17 hectómetros cúbicos – 19,89 em Odelouca (15,52%), 18,90 em Odeleite (17,37%) e 06,38 hectómetros cúbicos no Beliche (14,88%).
Na resposta enviada à Lusa, o MAAC considerou que a ação conjunta que está em curso com os responsáveis da região vem acompanhada dos “financiamentos necessários” para implementar “as principais linhas de ação” da estratégia que foi definida, através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que dispõe de uma verba de 200 milhões de euros para o efeito. “O investimento em curso, financiado pelo PRR, no valor de 200 milhões de euros, desenvolve as bases do Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve e privilegia a adoção de medidas do lado da procura (minimizando as perdas de água) e da gestão do recurso, assim como o aumento das disponibilidades hídricas da região”, considerou o MAAC.
Entre os investimentos previstos estão 35 milhões de euros para “reduzir perdas de água no setor urbano”, mediante a melhoria e renovação de infraestruturas de abastecimento “nos sistemas em baixa”, ou 17 milhões de euros para “reduzir perdas de água e aumentar a eficiência no setor agrícola” através de um melhor controlo e monitorização de consumos.
“Reforçar a governança dos recursos hídricos (cinco milhões de euros), apostando no reforço e modernização dos sistemas de monitorização das disponibilidades e dos consumos” e a “utilização de água residual tratada (23 milhões de euros), através do tratamento adicional da água e da sua adução a pontos de entrega”, são outras das ações previstas com financiamento do PRR.
Está ainda planeado o aumento da “resiliência das albufeiras/sistemas de adução em alta existentes (75 milhões de euros), através do reforço da ligação entre os sistemas de abastecimento do sotavento e barlavento algarvio”, o reforço das “afluências à albufeira de Odeleite com uma captação [no rio Guadiana] no Pomarão”, no concelho de Mértola, e a “construção de uma central de dessalinização (45 milhões de euros)”, elencou também o ministério.
O MAAC frisou que está a ser feita uma gestão “no âmbito da comissão permanente de prevenção, monitorização e acompanhamento dos efeitos da seca, criada em 2017, e no âmbito do Conselho de Gestão de Albufeiras”, e o principal objetivo é “salvaguardar como uso prioritário o abastecimento público”.
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