Ator francês Gérard Depardieu em tribunal por alegada agressão sexual

O ator francês Gérard Depardieu vai ser julgado, em outubro, por alegadas agressões sexuais a duas mulheres num local de filmagens em 2021, anunciaram procuradores.

Ator francês Gérard Depardieu em tribunal por alegada agressão sexual

Gérard Depardieu, de 75 anos, que anteriormente negou qualquer crime, foi detido para interrogatório pela polícia em Paris durante várias horas na segunda-feira. O advogado do ator Christian Saint-Palais escusou-se a falar aos jornalistas, limitando-se a dizer que Depardieu já não estava sob custódia policial.

O Ministério Público de Paris declarou que o ator foi “convocado para comparecer perante o tribunal penal”, na sequência do interrogatório, de acordo com um comunicado.

O julgamento arranca em outubro “por agressões sexuais que terão sido cometidas em setembro de 2021″ contra “duas vítimas, no cenário do filme ‘Les Volets verts'”, referiu.

O jornal francês Le Parisien noticiou que uma decoradora de cenário, de 53 anos, alegou que Depardieu a agarrou e tocou na cintura, no estômago e nos seios durante as filmagens de “Les Volets verts”, de acordo com a advogada da queixosa Carine Durrieu Diebolt, que apresentou queixa ao Ministério Público parisiense em fevereiro.

Numa carta aberta, divulgada em outubro, Depardieu afirmou: “Nunca, nunca abusei de uma mulher“. A propósito do comportamento de Depardieu em cena, a atriz Anouk Grinberg, que participou naquele filme, contou à agência de notícias France-Presse (AFP) ter ouvido “comentários obscenos” “de manhã à noite”.

“Quando os produtores contratam Depardieu para um filme, eles sabem que estão a contratar um agressor”, afirmou a atriz. A outra queixa contra Depardieu foi apresentada por uma antiga assistente, que o acusa de agressão sexual em 2014, nomeadamente por “comentários obscenos”, durante reuniões em casa, em Paris, e por “propostas sexuais” durante a rodagem do “Le Magicien et les Siamois”, de Jean-Pierre Mocky.

Gerard Depardieu, que a AFP considera “um gigante do cinema francês”, enfrenta ainda outras três queixas de violação, uma delas por denúncia da atriz Charlotte Arnould, e uma pela jornalista espanhola Ruth Baza.

Em dezembro passado, o canal France 2 exibiu, no programa “Complément d’investigation”, imagens captadas durante uma viagem de Depardieu à Coreia do Norte em 2018, nas quais o ator surge a fazer comentários de caráter sexual a mulheres, sobre mulheres e sobre uma criança.

A exibição do programa levou várias personalidades do teatro e do cinema a afirmar que não voltariam a trabalhar com Depardieu e esteve na base das declarações da antiga ministra da Cultura francesa Rima Abdul Malak sobre a possibilidade de ser retirada a Legião de Honra ao ator.

Depardieu, através dos advogados, colocou a condecoração à disposição do Governo e declarou-se vítima de “um linchamento mediático“. Na altura, o Presidente francês, Emmanuel Macron, disse à France 5 ser um “grande admirador” de Depardieu e afastou a possibilidade de retirar a Legião de Honra sem haver uma condenação na justiça.

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