Arquivo digital do «Livro do Desassossego» de Fernando Pessoa apresentado esta semana

Um arquivo digital colaborativo do “Livro do Desassossego”, de Fernando Pessoa, está ‘online’ e é apresentado hoje, em Lisboa.

Arquivo digital do «Livro do Desassossego» de Fernando Pessoa apresentado esta semana

Um arquivo digital colaborativo do “Livro do Desassossego”, de Fernando Pessoa, com imagens dos documentos originais e transcrições de quatro edições da obra, que podem ser consultadas e comparadas, está ‘online’ e é apresentado hoje, em Lisboa.

O Arquivo Digital Colaborativo do Livro do Desassossego (LdoD) demorou seis anos a ser preparado — de 2012 a 2017 — por investigadores do Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra (CLP) e do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores em Lisboa (INESC-ID Lisboa).

Agora, pronta e disponível, esta plataforma interativa, financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pela União Europeia, vai ser oficialmente apresentada, no Auditório da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), pelos seus principais responsáveis, Manuel Portela, do CLP, e António Rito Silva, do INESC-ID Lisboa, anunciou a BNP.

A biblioteca é também uma das colaboradoras neste projeto, nomeadamente através da disponibilização dos manuscritos referentes à obra de Bernardo Soares, semi-heterónimo de Fernando Pessoa, autor do “Livro do Desassossego”.

O LdoD contém imagens dos documentos autógrafos, novas transcrições desses documentos e ainda transcrições de quatro edições da obra – de Jacinto Prado Coelho, de Teresa Sobral Cunha, de Richard Zenith e de Jerónimo Pizarro –, que é possível consultar separadamente e comparar.

O “Livro do Desassossego”, uma das maiores obras de Fernando Pessoa, é um livro fragmentário (com mais de 500 textos distribuídos por diversos documentos), permanentemente em estudo por investigadores pessoanos, que têm interpretações díspares sobre o modo de organizar o livro, já que este ficou inacabado e os fragmentos não têm ligação entre si, embora funcionem como um todo.

Para alguns estudiosos, o livro é um trabalho de autor, para outros, é uma composição de mais de um autor, como é o caso de Teresa Sobral Cunha, que organizou, em conjunto com Jacinto do Prado Coelho e Maria Aliete Galhoz, a primeira edição do livro, publicada apenas em 1982.

Para esta estudiosa, existem dois “Livros do Desassossego”, um de Vicente Guedes, dos anos 1910 e 1920, e outro de Bernardo Soares, do final dos anos 1920 e 1930.

Além da leitura e comparação das transcrições, o Arquivo LdoD permite que os utilizadores colaborem na criação de edições virtuais do “Livro do Desassossego”.

A página digital está, assim, dividida em cinco grandes capítulos: “Leitura”, que permite ler a obra de acordo com diferentes sequências, “Documentos”, que contém a listagem de todos os fragmentos e informação acerca das fontes, “Edições”, que permite a visualização dos originais e comparação das transcrições, “Pesquisa”, para selecionar fragmentos de acordo com múltiplos critérios, e “Virtual”, que permite criar edições virtuais e suas taxonomias.

Através da integração de ferramentas computacionais num espaço simulatório, o Arquivo LdoD oferece um ambiente textual dinâmico, no qual os utilizadores podem desempenhar diferentes papéis literários, como se pode ler num texto introdutório ao Arquivo LdoD.

“Trata-se de um recurso multiplataforma e multidispositivo (smartphone, tablet, computador portátil) em acesso aberto, cujas funcionalidades servem para múltiplas atividades, incluindo leitura de lazer, estudo, análise, investigação avançada e criação literária”, acrescenta.

 

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