Arnaldo Antunes considera Escritaria exemplo de integração dos países lusófonos
O músico e escritor brasileiro Arnaldo Antunes considerou hoje o festival Escritaria, em Penafiel, onde está a ser homenageado, um exemplo de integração dos países da lusofonia, graças à língua comum.
“O que se está fazendo aqui mostra que há um bom caminho, que há caminhos de integração através do uso da linguagem comum”, afirmou aos jornalistas.
Falando após a inauguração de uma silhueta e uma peça escultória com uma frase sua no Parque do Sameiro, o autor disse que no evento tem sentido “o vínculo do Brasil com Portugal e com África”, acentuando que a língua “proporciona uma convivência muito mais íntima do que com países onde não se fala português”.
O festival Escritaria, ao longo dos anos, tem homenageado escritores de língua portuguesa, incluindo africanos, como Pepetela (2018), Germano Almeida (2021) e Mia Couto (2011). A edição que decorre até domingo em Penafiel, no distrito do Porto, é a primeira a homenagear um autor brasileiro.
“Há algo que nos une que é a língua. É um diálogo que a língua proporciona. Estou muito contente por o Brasil também estar presente”, reforçou Arnaldo Antunes.
Como aconteceu com outros autores nas edições passadas, o Escritaria tem dedicado várias atividades ao homenageado, que hoje acompanhou a inauguração das peças de arte urbana que evocam o seu percurso artístico.
“Sinto muita emoção na inauguração da arte pública, do meu rosto, da minha frase. Eu adorei essa escultura, com a leitura circular”, comentou, referindo-se à peça em granito, elaborada por José Melo, com a frase de Arnaldo Antunes: “Não há sol a sós”.
A sua silhueta foi realizada pelo escultor Ricardo Crista.
No Parque do Sameiro, acompanhado pelo presidente da Câmara de Penafiel, Antonino de Sousa, o autor também ficou a conhecer um castanheiro, que apadrinhou, como uma das árvores do “Jardim Escritaria”, que reúne exemplares de diversas espécies dedicados a cada um dos escritores homenageados.
“Eu escolhi o castanheiro, porque tenho uma lembrança boa de Portugal, de comer aquelas castanhas assadas nas ruas de Lisboa e do Porto”, referiu. Além de ter apadrinhado a árvore, conheceu outra peça em sua homenagem, realizada pelo artista Paul Ramunni.
Arnaldo Antunes destacou, por outro lado, o envolvimento da comunidade local na dinâmica do festival literário.
“Aqui tenho vivido coisas muito intensas, convivendo aqui na cidade, com essa população linda”, anotou, assumindo-se “muito emocionado”.
“O envolvimento da comunidade é uma coisa que me emociona muito. A integração da comunidade com o Escritaria é uma coisa que a gente sente, que tem uma convivência amorosa com este evento que já existe há 17 anos”, exclamou.
Ao longo das diferentes edições, o festival literário de Penafiel já homenageou Urbano Tavares Rodrigues, José Saramago, Agustina Bessa-Luís, Mia Couto, António Lobo Antunes, Mário de Carvalho, Lídia Jorge, Mário Cláudio, Alice Vieira, Miguel Sousa Tavares, Pepetela, Manuel Alegre, Mário Zambujal, Germano Almeida, Ana Luísa Amaral e Miguel Esteves Cardoso.
APM // MAG
By Impala News / Lusa
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