África do Sul coloca em alerta máximo fronteira com Moçambique
A África do Sul colocou em “alerta máximo” a principal fronteira com Moçambique, entre Komatipoort e Ressano Garcia, antecedendo novos protestos sociais no país vizinho, indicou hoje à Lusa a Autoridade de Gestão de Fronteiras (BMA, na sigla em inglês).
“Os movimentos foram normais hoje na fronteira, mas estamos em alerta máximo para qualquer situação perturbadora que possa surgir”, salientou a porta-voz da agência governamental sul-africana, Mmemme Mogotsi.
Em causa está uma greve geral e protestos convocados a partir de quinta-feira e durante uma semana, no país vizinho, pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que ficou em segundo lugar, com 20,32% dos votos, nas eleições de 09 de outubro, segundo os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, contestados pela oposição.
Mondlane, que disse não reconhecer os resultados eleitorais oficias, apelou ainda na terça-feira, a partir de local incerto, a marchas de todas as províncias do país para culminarem numa concentração na capital moçambicana, Maputo, no dia 07 de novembro.
Segundo o ministro do Interior moçambicano, Pascoal Ronda, Mondlane está a “comandar”, a partir da África do Sul, a “manipulação da opinião pública”, incitando à violência.
Os resultados anunciados pela CNE deram a vitória ao candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975), Daniel Chapo, com 70,67% dos votos, e um reforço da representação parlamentar do partido.
O atual maior partido da oposição no país, Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) pediu a anulação da votação, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que apoiou o candidato presidencial Lutero Simango, recusou igualmente os resultados eleitorais, considerando que foram “forjados”, tendo-se hoje associado à contestação cerca de 40 partidos de oposição, na maioria extraparlamentares.
O Governo moçambicano avisou hoje a população que “não quer que se repita” a paralisação quase total que ocorreu em três dias da semana passada, na primeira vaga de protestos convocados por Mondlane, garantindo segurança às empresas após uma reunião com o patronato na capital moçambicana.
No domingo passado, o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, felicitou Daniel Chapo como “Presidente eleito” de Moçambique, e “o seu partido, Frelimo”, com base nos resultados preliminares da votação, mostrando preocupação com a violência pós-eleitoral em todo o país.
“Da mesma forma, o Presidente Ramaphosa aplaude a CNE pela forma profissional como conduziu as eleições”, salientou em comunicado a presidência sul-africana.
O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, criticou esta semana o candidato presidencial Venâncio Mondlane por se ter declarado vencedor das eleições quando o apuramento estava em curso e alertou para consequências da escalada da violência no país.
O advogado do candidato presidencial Venâncio Mondlane, Elvino Dias, e Paulo Guambe, mandatário do partido Podemos, que apoia Mondlane, foram mortos a tiro no centro da capital, Maputo, no passado dia 18, levando que o apelo à paralisação feito inicialmente por Mondlane tivesse evoluído para a convocação de manifestações nas ruas.
CYH // MLL
By Impala News / Lusa
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