Qual a relação? Alimentação e cancro cutâneo

Existem alimentos potenciadores de cancro de pele e outros preventivos

Qual a relação? Alimentação e cancro cutâneo

Existem alimentos potenciadores de cancro de pele e outros preventivos. É importante sabermos quais são.  O aumento de incidência de cancros de pele nas últimas décadas, tem a ver, como é já do conhecimento geral, com exposição solar exagerada, assim sendo a prevenção consiste em contrariar este hábito prejudicial.  Mas, devemos entender que o sol é indispensável à nossa saúde, particularmente para a produção de vitamina D.

Contudo, cerca de 20 minutos diários em pequenas áreas da pele são suficientes. Além disso, discreta exposição ao longo do ano previne cancros de pele, pois permite a acomodação e adaptação ao clima. Ou seja, grande exposição é prejudicial, mas pequena exposição é benéfica.
A alimentação tem grande influência na nossa saúde, na prevenção do cancro em geral e também do cancro cutâneo. A ciência tem fornecido preciosas informações que nos orientam para o que hoje chamamos de alimentação saudável. Por outro lado o excesso alimentar e de açúcar, a ingestão de gorduras saturadas e alimentos industrializados são prejudiciais e favorecem o cancro.

O álcool intensifica a sensibilidade ao sol, diminuindo as defesas imunológicas.  Uma cerveja ou um copo de vinho por dia, associados a forte exposição solar, aumenta 20% o risco de melanoma maligno. Relativamente a outras bebidas e ao contrário do álcool, o café e o chá verde parece terem um efeito benéfico preventivo do cancro de pele. Um estudo recente da National Cancer Institute, dos Estados Unidos da América, refere que quatro chávenas de café por dia reduzem 25% a probabilidade de melanoma maligno nos dez anos seguintes. Idêntico benefício tem o chá verde. Os dois têm na sua composição xantinas (cafeína e teofilina), polifenóis, potentes antioxidantes conhecidos pela sua capacidade de prevenir o cancro de pele. O cacau (chocolate) contém também uma xantina, (a teobromina) – que parece ter idênticos resultados. Mas evidentemente o exagero destas bebidas, de benéfico torna-se pernicioso, pois são fortes excitantes do sistema nervoso.
Efetivamente, os principais alimentos na prevenção do cancro de pele são as frutas e legumes. Estes contêm macronutrientes essenciais (hidratos de carbono e lipídeos), bem como micronutrientes (vitaminas e sais minerais).
Têm igualmente fitoquímicos que são substâncias produzidas pelas plantas para sua proteção. Embora desnecessárias na nossa alimentação, parece terem também um grande efeito protetor. É o caso dos licopenos (no tomate), das isoflavonas (na soja) e dos flavonoides (na fruta). As vitaminas são indispensáveis ao organismo e é principalmente nos alimentos que as vamos procurar. As vitaminas mais importantes na prevenção do cancro de pele são a vitamina A, a vitamina C, a vitamina D e a vitaminas E.

A vitamina A encontramos nas cenouras, frutas e legumes coloridos. Têm efeito antienvelhecimento e protetor das células da epiderme. A vitamina C dos citrinos, por exemplo laranjas, moderadamente, têm efeito benéfico, mas, em doses exageradas, têm efeito pro-oxidante, prejudicial. Relativamente à vitamina D, presente na sardinha e salmão, a alimentação não fornece as doses diárias necessárias. Só o Sol (ultravioletas) consegue colmatar esse défice. Previne igualmente o cancro da mama e cólon.
A vitamina E, contida no azeite, também ajuda a prevenir doenças cardiovasculares e cancro da próstata. O ómega 3 das castanhas e azeite fortalece o sistema imunológico. Por outro lado os folatos (alface, couve, folhas verdes, etc.) em excesso favorecem o cancro de pele não melanoma. Alguns elementos como o zinco e o selénio contido no arroz integral, aveia, nozes, carnes vermelhas são indispensáveis como todos os outros alimentos, mas parecem ter um efeito acrescido na prevenção do cancro de pele. Porém, não existe prova científica que os suplementos de vitaminas e minerais possam reduzir o cancro de pele.

É importante termos em atenção que estamos a falar em prevenção e não cura. Além disso, os estudos científicos em seres humanos ainda não permitem tirar conclusões seguras sobre este caso específico da prevenção do cancro de pele através da alimentação. O que parece ser já um dado universalmente aceite é que a dieta mediterrânica, associada a doses moderadas de café e chá verde é um modelo de prevenção dietética anticancro cutâneo.

Dr. Fernando Ribas – Dermatologista   

 

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