Ricardo Salgado Debilitado, a andar devagar e agarrado à mulher. Foi assim que chegou ao tribunal

Ricardo Salgado foi até ao Campus da Justiça para dar-se início ao julgamento do processo BES/GES.

Dez anos depois da queda do BES, Ricardo Salgado, o principal arguido do caso do Banco Espirito Santo, chegou ao Campus da Justiça para dar início ao julgamento.

Debilitado, a andar devagar e agarrado à mulher e cuidadora, Maria João Salgado, foi assim que o antigo banqueiro se mostrou na chegada ao Parque das Nações. À sua espera, estavam vários lesados do BES, que quiseram marcar presença para protestarem pelas perdas que a queda da instituição lhes imputou.

Houve mesmo quem lhe dissesse que ele tinha capacidade para ter contornado os problema e “resolver a situação dos lesados”.

“O Novo Banco usou a provisão que o BES tinha para nós para outros fins, o senhor tem razão, onde está essa provisão? Que tenha muita sorte, que nós estamos por si. O senhor merecia respeito, tomaram posse do seu império,  não lhe deram oportunidade de resolver a sua situação, o senhor tinha capacidade para resolver o problema dos lesados, para resolver a nossa situação. Exijo a provisão que é dos lesados”, disse ao antigo líder do BES – que ouviu – um dos lesados presentes no local.

Depois, Salgado, que surgiu com um olho negro, seguiu para a entrada do tribunal, sempre apoiado pela mulher. Deu-se assim início ao julgamento do processo BES/GES, um caso com mais de 300 crimes e 18 arguidos.

À saída do tribunal, Francisco Proença de Carvalho, advogado de Ricardo Salgado prestou declarações aos jornalistas, dizendo que ter “um relatório médico atual” que atesta a “dependência” de Ricardo Salgado “para as tarefas mais básicas, como a higiene”. O mesmo relatório defende que a presença de Salgado no tribunal é “completamente irrelevante”. “Não tem capacidade para responder a questões minimamente complexas”, explicou o advogado de defesa.

Francisco Proença de Carvalho disse ainda que Ricardo Salgado só conseguiu responder bem ao seu nome. “Acho que respondeu ao nome. Morada errada. Nome da mãe errado, tudo bastante ao lado”.

 

Texto: Tiago Miguel Simões; Fotos: Helena Morais

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