Paulo Rocha Fala sobre a insegurança do Brasil: “Tento não viver com essa nuvem…”

Paulo Rocha não pensa regressar a Portugal: “Eu fiz uma escolha de vida. Então, a menos que aconteça alguma coisa, a minha base será lá”

Paulo Rocha Fala sobre a insegurança do Brasil:

Em 2011, Paulo Rocha foi para o Brasil para integrar o elenco de uma novela da TV Globo, Fina Estampa. O que seria uma mudança temporária, acabou por se tornar uma coisa permanente e, desde então, é do outro lado do Atlântico que tem feito carreira na representação. Por lá, acabou também por se apaixonar pela psicóloga Juliana Pereira da Silva e constituir família: o casal é pai de José Francisco, de seis anos. Esporadicamente, o ator, de 47 anos, visita Portugal em lazer, mas recentemente regressou para integrar um projeto profissional. 

Paulo Rocha aceitou o convite de Rui Vilhena para participar no remake de Ninguém Como Tu – uma coprodução entre a TVI, a Prime Video e a See My Dreams. A NOVA GENTE assistiu a algumas gravações do projeto, onde conversou com o artista, poucos dias antes deste apanhar o avião de regresso ao Brasil. “Acho que estamos todos a divertir-nos muito. Eu já estou com saudades disto e ainda não fui. Tenho de regressar já no dia 29, porque já devia estar no Brasil a gravar uma novela, mas ainda bem que consegui vir e participar. neste projeto. Sinto-me muito acarinhado por toda a gente, desde a produção à realização. Geralmente, o que acontece é que só depois de as coisas acabarem é que a gente se lembra. Porque fazer uma obra destas, com o calendário que nós temos, com todas as demandas, é sempre um processo gostoso, mas doloroso ao mesmo tempo. Estamos aqui e queremos gravar bem todas as cenas, temos a preocupação que as cenas têm que ser feitas, e isso, às vezes, não nos deixa ver que estamos a ter uma experiência ótima, com pessoas maravilhosas. Curiosamente, neste caso específico, estou a conseguir ter esta consciência que estou a viver um momento muito feliz, mesmo no meio a todas as demandas que temos. Então, venho trabalhar todos os dias muito feliz. É fatigante, claro, mas quem corre por gosto cansa menos. Não há outro lugar no mundo onde eu tivesse mais vontade de estar agora do que aqui”, partilhou. 
 

“Vivo num sítio privilegiado onde a segurança é maior”

 

Para o ator “é sempre bom voltar a casa para fazer aquilo que se gosta”, ainda que por pouco tempo. Mas as saudades da mulher e do filho já pesam. Ambos conseguiram acompanhá-lo no início do projeto, em julho, mas tiveram, entretanto, de regressar ao Brasil. “Foi muito bom tê-los aqui comigo, mas tiveram que ir embora, por causa da escola do José, que começou no dia 1 de Agosto. A Juliana também tem o consultório dela, que cresceu e a presença dela faz-se necessária lá. Então, isso faz com que, enfim, eles estejam lá e eu aqui”, disse, adiantando que não está nos seus planos um regresso definitivo a Portugal. “Eu fiz uma escolha de vida. E, neste momento, ela passa pela minha base se manter lá. Constituí a minha família lá, as raízes são todas de lá. Então, a menos que aconteça algo que a gente não esteja à espera, a minha base será lá”, afirmou. 

Nos últimos tempos, muitos atores brasileiros trocaram as terras de Vera Cruz pelas lusas, justificando a mudança com a falta de segurança que se vive no Brasil. Paulo Rocha tem essa consciência, mas  explica-nos que vive num “sítio privilegiado”. “Tomara que a vida me conserve assim. Até agora, não tive nenhuma má experiência. Também tenho consciência que vivo num lugar muito específico, vivo num micromundo onde há segurança e eu sinto-me mais seguro. Ou, talvez, eu seja mais inconsciente. Mas tento não viver com essa nuvem sobre a minha cabeça. Também digo isto afirmando que estou num lugar privilegiado, onde a segurança é maior. Então, não é algo que me angustie. O meu filho também, felizmente, está bem protegido… Não é a realidade da grande maioria dos brasileiros, eu sei, mas é a minha. Agora, a dor que eu sinto pelo país, pelas condições que tem e aquilo que o nosso povo, o povo brasileiro sofre, é difícil de gerir”, referiu, adiantando que a questão da insegurança não o condiciona na hora de fazer programas. Mas ressalva que é um homem caseiro. “Eu gosto muito de estar em casa. Então, isso não me condiciona. Ou talvez condicione e eu já não tenho consciência, porque o ser humano tem essa questão da habituação. Mas eu acho que não. Eu consigo fazer a mesma vida que eu faço aqui”, disse. 
Apesar do cansaço após gravar algumas cenas mais exigentes, o ator mostrou-se revitalizado quando falou do filho. “O Zé está enorme, fez seis anos agora, é uma figuraça. Não é nada traquina, é um bom menino. Sai ao pai [risos].” Sobre a possibilidade de aumentar a família, já se mostrou mais relutante. “Eu já tenho uma família grande. [Ter outro filho] Sim, isso é uma coisa que precisamos discutir, eu e quem manda lá em casa. A mulher, não é? Nós, mais sensatos, chegamos rapidamente a essa conclusão. Mas, na verdade, quem manda lá em casa é o Zé”, brincou.

Texto: Inês Neves; Fotos: Nuno Moreira

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