Patrícia Sampaio Presta homenagem à avó que morreu: “Tentei ter uma medalha para lhe dedicar e consegui”

Numa fase em que está a ser bombardeada de mensagens de carinho, a jovem judoca já está de olhos postos nos Jogos Olímpicos 2028… e no curso de Ciência da Comunicação que está a terminar.

Depois de conquistar a medalha de bronze em judo, na categoria -78kg dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, em França, Patrícia Sampaio foi recebida em apoteose no aeroporto de Lisboa. A atleta portuguesa, de 25 anos, ainda está a processar esta fase intensa em que o mediatismo é muito. “Até digo, na brincadeira, que ganhar a medalha foi a parte fácil. O judo, os combates são tudo aquilo a que estou habituada. Agora, o ‘depois’ é que eu ainda estou a aprender a lidar. O mediatismo… agora toda a gente vê e quer tirar fotos. Isso é tudo muito bom, é ótimo ter esse reconhecimento. Mas a esta escala, ainda é uma novidade para mim”, confessou à NOVA GENTE.

A paixão pelo judo foi-lhe passada pelo irmão mais velho, que é hoje o seu treinador. “O meu irmão faz judo desde os cinco anos. Eu nunca tinha praticado desporto, mas acompanhava-o sempre. Até que ele e o meu pai me convenceram a entrar para o judo. Entrei aos sete anos, mas ao fim de uma semana desisti”, confidenciou, entre risos, acrescentando que, naquela altura, queria era “brincar na rua” com amigas: “Brincávamos muito, descalças e tudo… eram outros tempos. Aos nove anos, decidi voltar a fazer judo e fiquei até hoje.”

Nascida e criada em Tomar, Patrícia Sampaio esteve alguns anos a viver em Lisboa para estudar, mas agora voltou a instalar-se na sua terra natal. No entanto, ainda não terminou os estudos. Estou a duas cadeiras de terminar o curso de Ciências da Comunicação. Quando era pequenina, queria ser jornalista, e eu gosto muito de escrever, fui para Ciências da Comunicação e pensei: ‘vou ser jornalista desportiva, quem sabe’. Também estou a gostar muito de Marketing, e logo veremos. Vou terminar o curso e logo se vê. Queria ter uma opção paralela ao judo, ter mais valências. Como se fosse um plano B e para ter mais estabilidade. Algo para fazer quando acabar o judo porque a carreira de atleta não é eterna”, adiantou.

A medalha para a avó e os próximos Jogos Olímpicos

Ainda sobre a conquista do bronze em Paris, a jovem atleta dedicou a medalha a todo o comité olímpico que a acompanhou, à família, ao staff, à equipa médica, mas há duas pessoas especiais que fez questão de destacar. “Dedico à minha avó, que faleceu em janeiro deste ano e, a partir daí, tentei sempre ter uma medalha para lhe dedicar e consegui agora. E dedico ao meu sobrinho, que está prestes a nascer. Eu e o meu irmão estávamos muito preocupados que ele nascesse enquanto estivéssemos em Paris, mas ele esperou pela tia e pelo pai”, confidenciou.

A receção calorosa no Aeroporto de Lisboa apanhou Patrícia Sampaio de surpresa, que estava à espera de ser recebida apenas pela família e por alguma comunicação social. “Fiquei sem palavras, fiquei sem reação. Fui apanhada de surpresa. É gratificante”, revelou. “Mas, sem querer parecer que estou a reclamar, é fácil as pessoas darem valor e lembrarem-se nestes momentos. Só que os Jogos Olímpicos só acontecem de quatro em quatro anos, e nós trabalhamos diariamente, precisamos dessa valorização e desse reconhecimento todos os anos. E é isso que, às vezes, as pessoas não conseguem ver. De qualquer forma, todo o carinho que tenho tido, tem sido maravilhoso”, prosseguiu.

Já a pensar no futuro, a judoca garantiu que quer estar presente na próxima edição dos Jogos Olímpicos. “Para mim, os Jogos Olímpicos Los Angeles 2028 começaram no dia a seguir, no dia em que acabou Paris. Agora tenho um tempo para umas férias, para organizar tudo o que está a acontecer. Mas depois, volto a definir o foco, que vai ser Los Angeles. Eu sou uma pessoa ambiciosa. Já tive uma participação. Agora tive o bronze. Claro que vou querer mais”, completou.

Texto: Mafalda Mourão; Fotos: D.R.

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