O que pode esperar Bárbara Guimarães? Médica especialista em cancro da mama analisa o caso
A quimioterapia é o tratamento de que mais ouvimos falar, mas nem todos os tumores precisam desta técnica. Falámos com uma médica especialista em cancro da mama e contamos-lhe tudo
Foi na passada sexta-feira, dia 17 de agosto, que Bárbara Guimarães contou ao mundo que luta contra um cancro da mama. A apresentadora já foi submetida à cirurgia de entrada e, agora, tudo depende dos resultados desta.
A Nova Gente falou com uma médica especialista em cancro da mama que nos explicou quais as hipóteses de tratamento que se seguem. Tudo está relacionado com as características do tumor e com os resultados da cirurgia.
«É variável. Nós [médicos] abordamos os tumores de acordo com as características deles. Por exemplo, eu tenho olhos castanhos e cabelo castanho, a outra pessoa pode ter olhos azuis e ser loira. Os tumores variam, tal como nós, somos todos diferentes», começou por explicar a médica.
No que toca ao tempo, a especialista referiu: «Fazendo o diagnóstico, numa instituição, privada, o diagnóstico pode ser feito em duas semanas e ser operada no dia seguinte».
Operação é normalmente o primeiro passo
Em grande parte dos casos, a cirurgia é o primeiro passo. Porém, também existem doentes que começam por fazer quimioterapia.
«De acordo com as características de cada tumor, decidimos o tratamento a fazer a seguir. A operação normalmente, e de acordo com as características do tumor, é o primeiro passo a fazer. Há senhoras que primeiro fazem quimioterapia, mas a maioria faz primeiro a cirurgia de entrada.»
Após a operação, «se as características do tumor foram vistas na biópsia de entrada, provavelmente, não irá fazer mais nenhum tratamento, como a quimioterapia».
Se a situação for mais grave, a quimioterapia e a radioterapia entram na equação. «Se o tumor tiver determinadas características, determinado tamanho e se a avaliação da axila for positiva, tem de fazer outros tratamentos. Não é linear», constatou a especialista.
Influência da idade de Bárbara Guimarães «não é dramática»
«Normalmente os casos de tumor em mulher novas (abaixo dos 37) são mais fortes.» Mas a idade pode não influenciar diretamente.
A especialista neste tipo de cancro disse-nos: «Se a pessoa não tiver historial na família de um caso de cancro não é nada demais. Por ter 45 anos pode nem precisar de medicação nem nada. Apesar de ela ser considerada nova, não é dramático».
Cirurgia não obriga a retirar a mama por completo
Na hora da cirurgia, existem duas hipóteses. Bárbara pode ter feito uma «cirurgia conservadora, isto é, manteve a mama» e, à partida, vai fazer radioterapia. «Se retirou a mama e fez reconstrução já não é assim.» Neste caso a quimioterapia pode ser o próximo passo.
«O tratamento após a cirurgia é sempre decidido numa reunião multidisciplinar. São consultados os médicos que operam, os que fazem radioterapia, quimioterapia, os colegas que veem as peças na anatomia patológica, os colegas da radiologia, da imagem. É uma decisão conjunta.»
Tratamentos podem durar entre um mês e seis meses
Dependente do que os resultados revelaram, Bárbara Guimarães pode não ter de fazer tratamento, pode ter de recorrer à radioterapia ou à quimioterapia. Cada um destes tem durações diferentes.
«Caso tenha de fazer quimioterapia, os tratamentos demoram, em média, seis meses. Depende dos medicamentos que se fazem e do número de ciclos. No caso da radioterapia, faz entre 25 e 30 sessões, diárias, o que demora cerca de um mês e fica resolvida.»
Perda do cabelo é provável em caso da quimioterapia
Se os resultados da operação obrigarem a apresentadora da SIC a fazer quimioterapia. «A perda do cabelo não é estritamente necessária, mas é muito provável. A medicação que é conciliada com a quimioterapia faz perder o cabelo», constatou.
«Na radioterapia já não acontece. A radioterapia são umas luzes sobre a mama, como se estivesse uma semana na praia a apanhar os raios de sol na hora de maior calor.»
As mudanças corporais após a cirurgia
As mamas são uma das partes do corpo que contribuem mais para a autoestima de uma mulher e o cancro pode obrigar à mudança das mesmas. Porém, a medicina já está preparada para solucionar este efeito.
«É possível colocar logo um expansor, que fica com um aspeto natural na mesma», explicitou a médica.
Dado que o silicone não pode ser colocado logo na cirurgia de entrada e, caso a mulher tenha de retirar a mama por completo, «pode pôr uma prótese provisória». Esta solução evita as diferenças não se notam por baixo da roupa.
Quando a luta chega ao fim
Quando a luta termina em vitória, o acompanhamento é fulcral. «As senhoras fazem uma vigilância de quatro em quatro meses, nas consultas. Isto acontece nos dois primeiros anos. Depois fazem consultas de seis em seis meses», constatou.
A médica especialista desta doença oncológica referiu ainda que: «Os exames são anuais. Durante, pelos menos, cinco anos têm de ser acompanhadas».
Risco de cancro aumenta após a primeira luta
«Uma pessoa que já sofreu de cancro da mama, tem 25 por cento de hipóteses de voltar a desenvolver novamente uma doença oncológica. Isto são probabilidades, cada um tem a sua realidade. Mas quem já teve, tem um risco maior de vir a desenvolver novamente», acabou por dizer.
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Texto: Mariana de Almeida; Fotos: Impala e reprodução Instagram
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