Noémia Costa “Ser uma mulher forte não quer dizer que não sofra, porque sofri muito”
Aos 60 anos, está bem consigo própria. Depois do fim difícil do seu casamento com Licínio França, em que foi vítima de violência doméstica, fechou-se para o amor. Agora, confessa que tem vontade de voltar a amar. Conhece todos os que lhe quiseram mal, mas já os perdoou. Mulher do Bem, quer sentir o outro lado do Mal – por isso, quer ser uma vilã a sério.
A tua vida é uma espécie de montanha-russa. Já estiveste no alto, no baixo, estás de novo, há uns anos nesta parte, numa boa fase. Como olhas para esta caminhada?
[sorriso] A minha mãe era uma mulher de garra e dizia-nos sempre que a vida era precisamente isso, uma montanha-russa. Muitas vezes em cima, muitas vezes em baixo. É claro que houve uma altura que de repente parece que se desmoronou tudo.
Sem avisar.
Sem avisar. As coisas vêm sem aviso, até mesmo as boas [pausa]. Podia ter tido pena de mim. Preferi ir à luta. É assim que eu vejo a vida: lutar com os princípios que recebi, que foram os melhores e os mesmos que passei à minha filha. Mas o facto de ser uma mulher forte não quer dizer que não sofra, porque sofri muito.
Houve momentos de desesperança?
Completamente [pausa]. Sou muito crente em Deus, mas mesmo assim houve alturas, nem que fosse por um segundo, que eu não entendia.
Viveste nessa bolha de amor, mas o que é certo é que tiveste uma grande paixão com um homem, que te deu uma filha, mas desde que te separaste dele nunca mais refizeste a tua vida afetiva. Porque é que não conseguiste replicar para ti o modelo de felicidade dos teus pais?
[pausa] Sofri muito, Nuno. As pessoas vítimas de violência doméstica, seja física ou psicológica, têm esse problema de refazer as suas vidas. Pensam que o que lhes aconteceu na vida foi suficiente.
A vergonha, mas também a culpa.
Claro. Não foi sempre assim. Desde que me separei, tem havido um apego grande meu ao trabalho.
Entregares-te a alguém é o teu maior receio?
Agora já não é. Mas sim, foi. Só de pensar em deitar-me com um homem era uma coisa que criava repulsa.
Leia a entrevista na íntegra na sua NOVA GENTE desta semana. Já nas bancas.
Texto: Nuno azinheira; Fotos: tito calado
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