Leonor Poeiras continua a lutar, em tribunal, contra a TVI, onde esteve durante 17 anos, e foi dispensada de um dia para o outro em 2020, e à qual exige um milhão e 286 mil euros de indemnização. “Perdi à primeira, perdi à segunda e ainda vou para o Supremo”, disse a comunicadora, de 44 anos, em conversa com Ana Galvão e Joana Marques, no programa da rádio Renascença As Três da Manhã. “Raiva profunda, senti muita pela TVI, mas já passou”, admitiu, acrescentando que após ser dispensada esteve cerca de um ano e meio sem trabalho, “completamente dedicada” ao processo que moveu contra a estação televisiva. “Pode dizer-se que fui uma assistente informal do processo.” A ex-apresentadora contou que deprimiu “bastante” e que foi “uma época bastante difícil”. “Morreram muitas pessoas à minha volta, próximas. Estamos a falar de quatro ou cinco. Portanto, foi terrível”, partilhou. “Fazia diretos de manhã [nas redes sociais], porque eu gosto de falar, mas acabava quase a insultar os meus ouvintes, os meus espetadores, porque eu estava zangada, com raiva da TVI, com tudo o que me tinha acontecido. A sensação de injustiça…”, partilhou, lembrando que fez um “período de nojo”, que considera ter sido “muito importante”.

“Agora, sou estratega social”

Nesse período teve “uma crise de vocação”. “Perdi o meu trabalho de sempre. Arranjar um novo trabalho implicava apresentar currículo. Ora, eu não tenho currículo em mais nada senão em televisão”, contou, revelando que decidiu ir estudar Marketing. Atualmente, é freelancer na área da consultoria em Comunicação: “Eu tenho, dado o meu currículo na televisão, a capacidade de Comunicação e também de avaliar aquilo que é feito em termos de Comunicação. Pensei que há mais trabalho que eu poderia fazer. Achei por bem ir estudar e foi isso que eu fiz. Portanto, fui tirar Marketing Digital. Agora, sou estratega social”, disse, indicando que qualquer pessoa, empresa, associação ou organização pode contratar os seus serviços. “Quando me perguntam: ‘O que é que fazes?’. Eu faço Comunicação Social. É isso que eu faço, de várias maneiras. Obviamente, tenho projetos autorais a decorrer”, referiu, adiantando que no próximo mês lançará um canal no TikTok chamado Os Outros Somos Nós.

Pazes com a TVI? Nem pensar

Durante a rubrica Desculpa, Mas Vais Ter de Perguntar, Leonor viu-se confrontada com algumas questões mais inusitadas, às quais respondeu sem papas na língua. “Porque é que tu e a TVI não fazem as pazes e voltam a ter um programa lá? A Cristina Ferreira não devia ser solidária com mulheres que andam em tribunal contra o canal onde trabalharam?”, perguntou Ana Galvão. A antiga apresentadora da TVI revelou que a “patroa” da TVI foi uma das suas testemunhas, que “ajudou a apurar a verdade”, e descartou a possibilidade de fazer as pazes com a estação de Queluz de Baixo: “Completamente fora de questão”. Leonor teceu, ainda, duras críticas ao canal, do qual assumiu não ser telespetadora. “A TVI é o vestido de gala da loja dos chineses, com as lantejoulas, não estou a falar da parte da apresentação, estou a falar de um modo geral, os conteúdos são isso”, disse. “Tu já fizeste quase tudo em televisão e és muito versátil, até já te chamam tapa-buracos. Consideras-te o José Figueiras da TVI se o José Figueiras tivesse levado um chuto no rabo da SIC?”, perguntou Joana Marques. Ao que a comunicadora respondeu: “Não, vou ser melhor. Nada contra o José Figueiras, mas acho que tenho outro carisma. Mas fui tapa-buracos muito tempo e foi exatamente por causa disso que tenho a honra de ter no currículo mais programas apresentados do que qualquer outro apresentador. Mais de 25 formatos, nenhum apresentador apresentou tantos formatos. E eu apresentei porque substituía-os a todos”.

Texto: Inês Neves; Fotos: Impala e redes sociais

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