Júlia Pinheiro Pensou que estava ‘maluca’: “Pedi ajuda…”

Júlia Pinheiro tem vivido uma época complicada e passou por uma fase dominada por uma grande tristeza que a obrigou a um “grande esforço” pessoal e profissional.

Não foi a primeira vez que Júlia Pinheiro falou publicamente de um tema tão importante para as mulheres como o da menopausa. Mas, até agora, nunca o tinha feito de uma forma tão aberta e esclarecedora. A apresentadora das tardes da SIC, de 62 anos, esteve recentemente no podcast de Jessica Athayde, intitulado ‘Não Fica Bem Falar de…’, e abriu o jogo em relação a essa fase da sua vida. Uma época complicada, durante a qual se sentiu “tristíssima” e perdida, chegando mesmo “a pensar que estava maluca”. “Ao contrário da maior parte das pessoas”, contou, a comunicadora “sempre quis envelhecer”. “Sempre achei que a juventude, por vezes, não me ficava bem. Era tão exigente numa série de coisas, que eu só queria libertar-me de estereótipos que estavam agarrados à mulher esplendorosa dos 20, dos 30 e dos 40 anos. Portanto, quando cheguei ali aos 45 e percebi que estava na perimenopausa [período de transição entre a idade fértil da mulher e a menopausa], pensei que ia ser fixe. Não tinha ideia nenhuma do que vinha a seguir. (…) Num primeiro momento estava muito confortável, depois já não”, começou por revelar, adiantando que “não estava preparada para nada” daquilo que acabou por acontecer consigo. 

“Não tinha paciência nenhuma para nada”

Júlia Pinheiro garante ter-se sentido “muito desacompanhada” durante esse período. “Eu estava a mudar, o meu corpo estava a mudar. Não me afligi muito, mas depois aos 55 começou a piorar e agora, há dois anos, tive um afundanço. A menopausa bateu forte, forte, forte. (…) De há dois anos a esta parte, tem sido muito difícil”, lamentou, explicando que teve de ir procurar informação por sua própria iniciativa.

Os sintomas não foram apenas físicos, como insónias, mas essencialmente emocionais, como “confusão” e uma espécie de “nevoeiro mental constante”. “Tive coisas que me assustaram tremendamente. Parecia que estava entorpecida, tristíssima. Eu não sou uma pessoa naturalmente triste, sou emocionalmente até muito estável (…), e de repente tudo me parecia um tédio, toda a gente era um tédio, não tinha paciência nenhuma para nada, para o marido, para os filhos. Para ninguém. E, portanto, isto não era normal. Não podia ser normal”, enumerou.

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Na conversa com Jessica Athayde, na qual participou também a psicóloga e sexóloga Marta Crawford, Júlia Pinheiro não escondeu detalhes sobre o “inferno” que viveu. “Um dia, dei comigo a não conseguir ler um texto. Estava a olhar para o texto e não consegui descodificá-lo. Eu pensei ‘pronto, isto é um AVC iminente’. É uma coisa qualquer, tenho aqui as sinapses todas a colapsarem. Não era. Procurei ajuda, falei com vários médicos e disse ‘atenção, há aqui qualquer coisa que não está bem’, e pronto, aí chegámos às soluções, à substituição hormonal”, frisou.

A entrada na menopausa refletiu-se, naturalmente, no seu dia-a-dia enquanto apresentadora de televisão, uma vez que Júlia Pinheiro sentia ter de fazer “um grande esforço” para se concentrar, “sendo que esse esforço não era preciso normalmente”. “Tinha de me esforçar muito para assimilar a informação. No tipo de trabalho que faço é vital. Foi muito difícil”, assumiu. Apesar disso, nunca parou. “Estive claramente em esforço muito grande durante uns seis meses. Depois pedi ajuda e descobri os médicos certos.”

Uma das consequências foi também o peso. “Eu emagreci, fiquei uma jeitosa, e agora até estou a achar graça, tirando o sono. [O sono] foi o maior sintoma, é terrível”, prosseguiu, dizendo ter-se sentido “como que perdida”. “Senti-me assim. Eu era uma campeã do sono (…), nunca tinha tido problemas e, há dois anos, abri os olhos durante a noite e acho que nunca mais os fechei”, brincou. Foi com a ajuda de medicação que tudo começou a restabelecer-se. “Já estou mais confortável, mas não inteiramente. É um caminho até estabilizar. (…) Eu despersonalizei-me, é o que às vezes sinto. Já não era bem eu. Tive de me reencontrar e isso é muito aflitivo quando não conheces as razões. Agora já sou eu outra vez”, recordou. “Quando eu digo que estava profundamente vazia, é um processo profundamente interior. Não tem a ver com o espelho. (…) Parecia que a pele tinha encolhido toda. E nós não cabemos cá dentro. É uma sensação de absoluta crispação constante, de aflição”, ressalvou. 

A perda da libido: “É aterrador”

A apresentadora garantiu ter-se esforçado para explicar ao marido, Rui Pêgo, e aos filhos que “não estava bem”, mas eles “demoraram muito tempo até assimilarem” o que estava a acontecer. “Uma pessoa fica muito solitária neste processo. Como está assustada, como não tem a informação devida, como não sabe bem o que é que está a pisar, há um grande sentimento de solidão, mesmo tendo o melhor dos companheiros, como é o meu caso”, confessou Júlia, frisando que Rui Pêgo “não fazia patavina de ideia do que é que se estava a passar” com ela. 

Uma área da sua vida que também mudou foi a que diz respeito à sexualidade. Sem papas na língua, a profissional da SIC garantiu que consequências como perda de libido e secura vaginal são “coisas que acontecem” e que, “no início”, isso “é aterrador”. “De repente, uma coisa que era muito agradável e aprazível começa a ser profundamente dolorosa. Mas profundamente dolorosa. É preciso procurar as soluções e ir descobrindo [novas formas de prazer]. As coisas equilibram-se e voltam a ter a mesma graça de sempre”, continuou.

Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: Arquivo Impala e D.R.

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