João Sousa Ex-tenista revela: “Recebi mensagens a dizer ‘espero que morras'”

Depois de se despedir dos courts de ténis, o jogador português revela quais são os seus planos para o futuro e fala sobre o seu percurso enquanto desportista profissional.

João Sousa despediu-se dos courts de ténis este ano, depois de participar no Millennium Estoril Open. O tenista, de 35 anos, dedicou quase três décadas à modalidade e está agora à procura de alguma tranquilidade. Recentemente, falou sobre tudo aquilo que de bom o ténis lhe deu, e também sobre o lado negro de ser conhecido.

“O ténis deu-me muitas coisas boas. Deu-me oportunidade de viajar, de ter experiências culturais completamente diferentes, conhecer países. Portanto, acho que foi a vida que escolhi, não me arrependo. O ténis deu-me tudo aquilo que tenho e fez-me ser quem eu sou”, começou por dizer no podcast Geração 80, do Expresso. No entanto, se é muito admirado por uns, também é criticado por outros, principalmente nas redes sociais.

“Existia muita crítica e eu simplesmente não lia, tentava abstrair-me desses comentários. Eu recebi mensagens a dizer ‘espero que morras’, coisas assim fora do lugar. Isto é uma realidade que existe atualmente. Há autoridades que estão a par desta situação, mas é uma realidade. [Eu e a minha família] nunca falamos sobre isso. Os meus pais e o meu irmão nunca ligaram e nunca caíram no erro de responder a alguém. Sempre tivemos a cabeça no sítio”, confidenciou.

A mudança para Barcelona e o fim da carreira

Para João Sousa, a decisão de deixar o ténis não foi fácil, mas foi muito ponderada. “Foi uma decisão muito pensada, tinha de ter muitas coisas em conta. Todo o esforço que fiz para ser o que sou hoje… até costumo dizer que eu sou o que o ténis me deixou ser. O ténis deu-me tudo o que tenho na vida, portanto, foi uma decisão muito difícil. Provavelmente, uma das decisões mais difíceis da minha vida. Eu sempre disse que isto foi um até já e não um adeus, porque o ténis vai estar sempre presente na minha vida, de uma forma ou de outra”, disse. 

A paixão por este desporto foi-lhe passada pelo pai, que começou a jogar aos 30 anos, só por lazer. Levava o filho pequeno para assistir às partidas e foi então que o tenista percebeu que era aquilo que queria fazer. “Lembro-me de estar lá à espera, às vezes uma hora, para poder jogar só uns minutos. E o meu pai jogava comigo. A partir daí, comecei a ganhar uma paixão pelo ténis. Com seis anos, o meu pai inscreveu-me no Clube de Ténis de Guimarães e comecei a jogar”, contou, garantindo que sempre teve o apoio dos pais: “O meu pai sempre foi o pilar principal por eu me apaixonar pelo ténis. Mas os meus pais apoiaram-me muito. A minha mãe era mais a parte sofredora (risos), o meu pai era a parte mais exigente. Mas ambos me incentivaram a fazer aquilo que eu queria.”

Aos 15 anos, a vida de João Sousa muda quando este deixa Guimarães e ruma a Barcelona para apostar no seu talento. “Estar lá sozinho, não ter a minha família e amigos por perto, ter de passar pelas dificuldades sozinho, ajudou-me muito. Deu-me uma grande bagagem para tomar decisões, lidar com o fracasso. Isso ajudou-me imenso a ter uma maturidade mental fora do comum para a idade que tinha. Eu, com 18 anos, costumava dizer: ‘podem pôr-me no meio do deserto que eu saio de lá’”, afirmou. Sobre o futuro, o tenista garantiu que quer continuar ligado ao ténis: “Daqui a 25 anos, são muitos anos, espero ter uma família, poder desfrutar dessa família e estar feliz. E, certamente, estar ligado ao ténis.”

Texto: Mafalda Mourão; Fotos: Impala e D.R.

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