Família de Fernanda Lapa pede que troquem oferta de flores por doações a familiares de Bruno Candé
Os familiares de Fernanda Lapa fazem apelo solidário e recordam Bruno Candé no dia em que a atriz e encenadora morreu.
A família de Fernanda Lapa, que morreu esta quinta-feira, 6 de agosto, mostrou o lado mais solidário e fez um apelo muito especial a todos aqueles que queiram «oferecer flores» como forma de homenagear a atriz e encenadora.
A agência funerária responsável pelas cerimónias fúnebres de Fernanda Lapa divulgou, em comunicado, que a família da atriz «agradece a quem queira oferecer flores que o valor das mesmas seja dado como donativo à família do ator Bruno Candé Marques», que morreu no dia 25 de julho, em Moscavide, após ter sido baleado por Evaristo Marinho, de 76 anos. No mesmo comunicado, a família da atriz deixou ainda o IBAN da conta da família do ator: PT50 0035 0936 00042511500 87.
O corpo de Fernanda Lapa vai estar em câmara ardente a partir das 18 horas desta sexta-feira, 7 de agosto, na Escola das Mulheres, em Lisboa. As cerimónias fúnebres estão marcadas para sábado, 8 de agosto, a partir das 16h30, no Centro Funerário de Cascais, em Alcabideche.
Uma eterna apaixonada pelo Teatro
Leia o comunicado enviado pela Escola de Mulheres:
«Atriz, Encenadora, Directora Artística da Escola de Mulheres e uma eterna apaixonada pelo Teatro. Desde cedo que Fernanda Lapa soube que o Teatro seria a sua vida. Começou a encenar muito nova, num meio dominado por homens e tem um vasto currículo nos palcos, na televisão e no cinema.
O seu percurso artístico iniciou-se no T.A.U.L. (Teatro dos Alunos Universitários de Lisboa) em 1962. Foi fundadora da Casa da Comédia onde se estreou como actriz, sob a direcção do Dr. Fernando Amado, na peça de Almada Negreiros “Deseja-se Mulher”, em 1963. É com essa mesma peça que se estreia como encenadora, também na Casa da Comédia, em 1972.
Em 1979 obtém uma bolsa da Secretaria de Estado da Cultura, que a levou a frequentar a Escola Superior de Encenação de Varsóvia. Nesta escola diplomou-se em Encenação, realizando em seguida estágios no Teatro Laboratório de Grotowski, no Teatro Contemporâneo de Wroclaw e no Teatro Stary de Cracóvia.
Desde então dirigiu espectáculos de Teatro, Teatro-Dança e Ópera tornando-se numa das encenadoras mais conceituadas do país.
Desenvolveu, ao longo da sua carreira, acções pedagógicas na área do Teatro e do Cinema e trabalhou como actriz em Teatro, Televisão e Cinema.
À frente da Escola de Mulheres desde a sua criação, em 1995, sempre afirmou que é na encenação que se sente realizada. Quer na Escola de Mulheres, companhia que fundou, juntamente com Isabel Medina, Cucha Carvalheiro, Cristina Carvalhal, Aida Soutullo, Conceição Cabrita e Marta Lapa, quer fora dela, sempre manifestou activamente o seu interesse pelas questões das Mulheres na Cultura, e não só. Defendeu sempre, pelas suas próprias palavras, que “o Teatro reflecte todas as contradições, avanços e recuos do papel da Mulher na Sociedade Contemporânea. Ao longo dos séculos, a voz das Mulheres foi silenciada em várias áreas, e também na Cultura, e não vale a pena escamotear esta realidade. Sofremos, ainda, as sequelas dessas mordaças, embora muito se tenha avançado, a partir do 25 de Abril em Portugal, pela luta das forças progressistas, mas sobretudo das próprias Mulheres e das suas Organizações.” (…)»
Texto: Mafalda Mourão; Fotos: D.R. e Impala
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