Cláudio Ramos “Não há espaço para todos” (entrevista exclusiva)

Numa entrevista exclusiva à NOVA GENTE, o apresentador, que lançou recentemente um novo livro, chamado O Rapaz, revela como está a viver esta fase de grande sucesso. Fala ainda da saída de Maria Botelho Moniz do programa das manhãs da TVI e da sua relação com Cristina Ferreira.

Cláudio Ramos

Quem é, para si, este “rapaz”?

Pode ser qualquer pessoa, qualquer rapaz ou rapariga que tenha ou que viva uma história de amor, seja ela qual for, em que altura ou época da sua vida for. Não é biográfico, como já deixei muito claro, é um livro que tem a história de um rapaz que se apaixona por outro rapaz, mas podia ser qualquer um de nós, homem ou mulher.

Não sendo biográfico, que características é que vê em si neste rapaz?

É impossível escrever e não ir buscar coisas nossas ou a qualquer pessoa que conheça. Tentamos absorver coisas de alguém que conhecemos. Naturalmente terá coisas minhas, ou pode ser de outra pessoa que eu conheço. Quem escreve vai sempre absorver coisas da realidade, mesmo que seja na ficção.

Como é que é o processo de criação? No dia a dia vai já à procura dessas realidades?

Para mim é superfácil. Gosto muito de escrever e quando tenho a história na cabeça já imagino exatamente como é o protagonista e o antagonista. Depois, vou desenhando fisicamente e emocionalmente como é que ele é, os jeitos que tem e vou roubando às pessoas. Para mim, não é um processo complicado e vai crescendo ao longo do livro. Acrescenta-se ou retira-se ao longo do livro.

Mas costuma ter a história alinhavada do início ao fim?

Não… tenho o princípio e o fim, sempre. Sei sempre como começa e como acaba. Mas nunca sei o que é que vai acontecer pelo meio. Sei que há ali um ponto alto, mas nunca sei ao certo.

O que faz deste um livro que as pessoas queiram correr para comprá-lo?

Temos de ser muito honestos… no princípio ele vendeu muito, no pré-lançamento, porque é meu. As pessoas não sabem o que está lá dentro. O feedback que tenho tido agora é que as pessoas estão muito contentes com o que têm lido. Mas temos de separar. Uma coisa são os livros que se vendem, que são muitos, outra coisa são as pessoas que vão ler os livros que se venderam. Porque há muita gente que compra os livros e não os lê. Compram porque gostam de mim ou algo do género.

Torna-se viciante este processo da escrita, de publicar os livros e da consequente promoção?

A promoção é uma seca [risos]. Tenho de ser sincero! Eu sei que faz falta e agradeço sempre às pessoas. Isto é um jogo, temos de andar de mãos dadas para que alguma coisa resulte. Escrever é viciante, mas não é viciante com o objetivo de publicar o livro. Não gosto de escrever com datas nem com prazos. Não tenho paciência nem idade para cumprir prazos extra àqueles que eu tenho mesmo de cumprir. Gosto tanto de ler como de escrever. Depois se, de repente, me aparecer uma história que eu queira contar, alguém insista e eu tenha tempo… aí as coisas vão indo, mas não é um vício, é um gosto mesmo.

Já há alguma coisa pensada para o futuro, no universo da escrita?

Ainda não. Não tive tempo para pensar em nada desde que terminei este, no ano passado.

O livro aborda vários temas: a descoberta da sexualidade, a paixão, o amor gay. Porquê a escolha destes temas em específico?

Porque são os que me dizem mais. É mais fácil escrever sobre coisas que são próximas de mim. Isto passa um testemunho a alguma pessoa. Importa que a pessoa entenda que, aquilo que eu estou a escrever, vivi na pele e sei exatamente o que é. É mais fácil para mim escrever sobre isso do que escrever sobre quotas de mercado, por exemplo. Tem de ser sobre coisas com as quais eu me identifique. Sei que, apesar de ser ficção, tem uma boa dose de realidade lá dentro.

E o amor é um dos temas principais. Que lugar é que ocupa na sua vida?

É o que ocupa na vida de todos… Acho que tem fases e tem dias. Há dias e fases em que é extremamente importante, há outras fases em que não tens tanto tempo para o amor. Depende sempre um bocadinho. Não sou aquela pessoa fatalista que acha que [a vida] tem de ser 50% de amor, não sou nada disso. À medida que o tempo avança, o amor vai-se encaixando nas diferentes formas onde ele faz sentido e nos faz falta. Seja o amor de um homem, de um filho, de mãe, de amigos, de trabalho… vai encaixando nas suas gavetas.

Neste momento, dentro dos vários amores, qual é o que ocupa maior espaço na sua vida?

O trabalho [risos]. Neste momento não há tempo para mais nada.

A televisão é um grande amor?

É.

Como é que está a viver esta fase de grande sucesso profissional? Provavelmente a maior da sua carreira?

Muito tranquilo, porque eu sou uma pessoa que tem os pés muito assentes na terra e sei perfeitamente que este sucesso acaba, se for preciso, amanhã ou daqui a um mês. Não sou nada o género de achar que sou a maior pessoa do mundo. Acho que trabalhei muito para chegar aqui, estou a colher os frutos daquilo que fui plantando ao longo do tempo com muito trabalho, e sorte também. Mas só sou feliz neste momento porque sei perfeitamente que isto é uma coisa efémera, que pode durar 20 anos, pode durar dez, pode durar cinco ou acabar na próxima temporada. Não me deixo levantar os pés do chão por causa disso. Mas dá-me muito gozo e vivo com muita satisfação.

Leia a entrevista completa na edição da NOVA GENTE que já está nas bancas.

 

Texto: Luís Duarte Sousa; Fotos: Helena Morais

 

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