No dia 15 de maio de 2018, o Sporting Clube de Portugal viveu um dos períodos mais negros da sua história, quando um grupo de adeptos invadiu a Academia de Alcochete para agredir futebolistas e elementos da equipa técnica. Na altura, Bruno de Carvalho era presidente e foi até acusado de ter organizado o ataque por alguns membros do clube de Alvalade. Agora, o ex-dirigente dos leões recordou o momento mais difícil que atravessou durante o seu mandato, confessando que o caso só tomou as repercussões que tomou por envolver o seu nome.

“Já se tinha visto isto a acontecer pelo mundo inteiro… Teve uma ênfase diferente porque era o Bruno de Carvalho. Na semana anterior, houve um ataque igualzinho em Guimarães, na semana seguinte houve um ataque igualzinho no estádio do Bessa [Boavista]. Quem é que falou nisso? Jogadores foram parar ao hospital nesse ataque? Soube-se? Não, porque não era o Bruno de Carvalho, não interessava”, começou por dizer no podcast Devaneios, conduzido pelo youtuber Tiago Paiva. Na mesma conversa, abriu o coração para falar sobre o julgamento que sucedeu o ataque. “Foram os jogadores todos lá testemunhar, muitos deram a entender, anteriormente, que eu tinha culpa. Mas chegámos a julgamento e só houve uma única pessoa que teve coragem de tentar apontar-me o dedo, que foi o Frederico Varandas. Nenhum jogador me apontou o dedo, nenhum membro do staff me apontou o dedo no julgamento, nenhum. Muito pelo contrário, disseram todos que eu era porreiro, que eram meus amigos. O único que me apontou o dedo foi o Varandas”, adiantou.

“[O Varandas] não merece o meu respeito”

Depois da invasão a Alcochete, Bruno de Carvalho, por ser acusado de estar envolvido no ataque, foi destituído da presidência e também enquanto sócio do clube leonino. Pouco depois, Frederico Varandas foi eleito presidente e mantém-se no pelouro até ao momento. Os dois chegaram a trabalhar juntos, mas agora não se falam e o antigo concorrente do Big Brother Famosos (2022) garantiu até que “não gosta dele”. “Não o posso respeitar. Ele tem filhos que nasceram no pós-Alcochete, eu tenho três filhas que nasceram antes de Alcochete. Ele não teve respeito por absolutamente nada e acusou-me veementemente. Ele pode ganhar 20 vezes, e eu espero, enquanto sportinguista, que ele ganhe 20 vezes. Mas isso nunca fará dele um homem”, afirmou.

“Eu não me sinto confortável em falar com ele porque foi a pessoa que mais beneficiou com o ataque a Alcochete. Passou de médico a presidente. Ele não estava lá quando eu cheguei a Alcochete no dia do ataque, isso é garantido, porque tinha ido dar uma consulta. Portanto, acontece um ato hediondo, mas para ele não foi nada hediondo porque foi dar consultas. Diz que foi o período mais negro da história do Sporting, mas no período mais negro ele foi dar consultas”, acrescentou. 

Mas as acusações ao atual presidente do Sporting não ficaram por aqui. Apesar de lhe reconhecer um bom trabalho ao serviço dos leões, Bruno de Carvalho acusou Varandas de ter mentido na sua campanha eleitoral. “Andou a dizer que me ia reintegrar como sócio do Sporting, depois andou a inaugurar coisas que fui eu que inaugurei. Os campos todos que foram feitos à volta do estádio do Sporting, que fui eu que inaugurei, ele já os reinaugurou, a cidade do Sporting ele também reinaugurou, quando eu já tinha inaugurado com a Câmara de Lisboa… Isto não merece o meu respeito. Isto não faz sentido nenhum, ele dá entrevistas a dizer que pegou no pior do Sporting. Ele faz 300 milhões em jogadores vindos da minha direção… Eu peguei num Sporting falido, em 13.º lugar – e ele estava lá, fazia parte da estrutura, era médico –, e ele acha que isto fica bonito de se dizer? Não consegue ser duas vezes campeão e elevar a moral, o carácter e a personalidade?”, referiu, prosseguindo: “Ele continua a ter de dizer que é bom porque o anterior era mau. Isto faz dele uma pessoa muito fraquinha. Nota-se que se olha ao espelho e não se considera bom.”

Por fim, Bruno falou sobre o ex-presidente do Benfica, alertando para a coincidência entre um alegado e-mail polémico de Luís Filipe Vieira – que foi divulgado pela Imprensa no âmbito da investigação E-Toupeira – e o slogan da campanha de Frederico Varandas. “Nos e-mails que foram revelados na Imprensa, o Luís Filipe Vieira [antigo presidente do SL Benfica] a dizer: ‘Nós estamos a tratar de uma solução para unir o Sporting’. Logo a seguir a Alcochete, vem o lema do Varandas na campanha que era ‘Unir o Sporting’… Foi uma coincidência”, ironizou.

Texto: Mafalda Mourão; Fotos: Impala e D.R.

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