Bárbara Guimarães relata drama da luta contra o cancro: «Vais-te vendo a inchar»
Bárbara Guimarães revela a Júlia Pinheiro detalhes da dura batalha contra o cancro da mama
Bárbara Guimarães contou todo o sofrimento que viveu com o cancro da mama nos últimos dois anos, num relato arrepiante feito ao detalhe no qual mostrou ainda as sequelas físicas provocadas pelos tratamentos de quimioterapia e radioterapia.
Em conversa com Júlia Pinheiro no dia de aniversário da SIC, Bárbara Guimarães explicou que o momento em que recebeu o diagnóstico foi particularmente «angustiante».
«Quando fui diagnosticado tu achas que não é possível, já passaste tantas provas: ‘não isto não pode ser verdade!’ Mas é. Aí tu pensas: ‘acho que não consigo mais, não tenho forças’».
«Esse momento foi particularmente angustiante porque eu estava em casa, sozinha. Era uma quarta-feira. De repente, estou a ver os emails no telemóvel e recebo o resultado da biopsia que diz ‘carcinoma invasivo’. Fiquei sem chão. Não conseguia respirar mesmo. ‘Eu tenho um cancro!’. Tive de respirar fundo e depois iniciar toda a descoberta do que é isso, o que é termos um cancro. A minha mãe foi a primeira pessoa a quem liguei e ela aos soluços a dizer ‘vai correr bem’… Foi duro».
Bárbara Guimarães acredita que o cancro foi o grito do corpo pelos últimos anos de sofrimento. Recorde-se que desde 2013 que vive um divórcio litigioso de Manuel Maria Carrilho. «Foi mais difícil tentar encaixar as coisas na minha cabeça, para já porque isto me acontece… quais são as probabilidades de não resultarem os tratamentos…»
A apresentadora da SIC preferiu não ir ao Google fazer pesquisas sobre a doença e confiar nos médicos. «Nunca quis ler muito, não quis ficar muito informada, preferi confiar nos médicos que já acho que esta informação é tão pesada. Para mim, foi importante aliviar desta forma… quando o médico me diz ‘vai fazer um número de sessões de quimioterapia’, eu pergunto: ‘mas é assim muito forte?’. ‘É o mais forte !’. ‘E de rádio?’. ‘Também, são 30 e tal sessões’»
Os tratamentos foram muito duros, confidencia. «Tiram-te tudo. Tu achas que estás mal quando sabes desta notícia, mas ainda não viste o que ainda te vai acontecer. Tiram-te as forças todas, mas ao mesmo tempo ganhas algo interior que te faz lutar, que te faz ir atrás de ti própria e dizer: ‘eu tenho de cuidar de mim’».
«Custou-me quando me começaram a cair as pestanas porque os olhos ficam completamente desprotegidos, as mãos, as articulações, o cansaço extremo, extremo, extremo», frisa, recordando o que enfrentou.
«Foi uma batalha, andei à guerra, à luta comigo. Eu lutava comigo própria. Eu lembro-me perfeitamente de me arranjar para sair, pôr a peruca, sair porta fora e estar de rastos. E no momento de chamar o elevador, voltar para trás. Vais-te vendo a inchar…»
Os tratamentos deixaram Bárbara Guimarães com várias sequelas físicas. Ainda hoje, não tem força nas mãos e não consegue assinar perfeitamente. «Eu ainda não consigo assinar, a minha assinatura não consigo já fazer igual. As unhas caíram todas, ainda estão frágeis. Não consigo quase fechar os dedos».
«Isto custa, mas já foi mais duro. Ainda estou naquela fase de olhar para a escadaria e dizer: ‘eu agora já consigo subir isto de uma vez’, mas fico estoirada. Demora imenso tudo a sair do corpo o que é químico».
A radioterapia foi outra luta para a estrela da SIC. «Aconteceram-me ali umas peripécias e foi por isso que estive internada três semanas o ano passado antes do Natal. Tem a ver com consequências da radioterapia». Bárbara Guimarães desvenda ainda que também enfrentou ainda uma bactéria. «Teve muito mau», diz.
Como revelou aos filhos
E o momento de contar a doença aos dois filhos? «Lembro-me perfeitamente de dizer ao Dinis na véspera da primeira operação. Ele chorou, chorou, chorou, mas também não percebeu bem a dimensão. Acho que com ele não disse cancro. Acho que não consegui. Se calhar, devia ter dito logo. A Carlota mal se apercebeu».
Bárbara Guimarães usou peruca por causa dos filhos, até que um dia foi surpreendida pela filha mais nova. «Ela viu-me sair do banho, porque tocaram à campainha… Saí a correr para abrir a porta e passo por ela careca… depois expliquei-lhe: ‘com esta doença, a mãe teve de tirar o cabelo, porque ele agora vai crescer forte, só que os tratamentos fazem isto’. E não é que cresceu aos caracóis!».
Bárbara admite que teve momentos em que pensou que não ia conseguir superar. «Nesse dia tinha feito tratamentos na maca porque adormeci. Quando me sento nessa maca não tinha forças, sentia-me uma lula. A enfermeira perguntou: ‘sente-se bem?’. ‘Deixe-me só chorar um bocadinho’. Chorei, chorei, chorei. Depois: ‘pronto, já posso ir’. Temos essa batalha com o corpo de não nos podermos deixar ir abaixo. Não podemos, mas às vezes temos mesmo que ir, não temos outra maneira. E aceitar também faz parte da cura».
Os tratamentos contra o cancro já terminaram, mas Bárbara Guimarães tem de continuar atenta ao corpo e a fazer exames. «No meu caso, a radioterapia tornou-se uma bomba relógio que é complicada. A zona irradiada ficou muito muito danificada», revela.
Apesar de todo o sofrimento dos últimos dois anos devido à doença, Bárbara não perde o sorriso e a coragem: «É preciso andar para a frente. A minha mãe deve-me ter dado uma grande dose de alegria. Foi muito útil», refere, explicando que foi nos «filhos e família» que encontrou motivação. «E de certo modo também em mim própria. É tentares te encontrar quando estás toda baralhada, toda partida. Acho que há uma Bárbara antes e uma Bárbara depois [do cancro].»
«O amor está ótimo, estou cheia de amor para dar. Estou num período em que cuido de mim, com muito amor», finaliza.
Texto: Ricardina Batista
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