Sexo, drogas e desinibição total: Ângelo Rodrigues envolvido em ‘chemsex’?
Ângelo Rodrigues terá sido “encontrado inconsciente num quarto de hotel em Lisboa”, após festa que envolveu alegadamente “álcool e drogas”, que constituirá ‘chemsex’, “uso de substâncias psicoativas específicas para aumentar ou prolongar experiências sexuais”.
De acordo com os investigadores Benjamin Gaya-Sancho, Borja Romero Bilbao e Daniel Sanjuán Sánchez, da Universidade San Jorge, em Zaragoza, Espanha, os alegados atos num quarto de hotel de Lisboa que levaram Ângelo Rodrigues a ser hospitalizado configurarão a prática de ‘chemsex’, “uso de substâncias psicoativas específicas para aumentar ou prolongar experiências sexuais”.
O ator “começou por jantar num restaurante uma francesinha vegan”, de acordo com a CMTV. “Presumo que jantou acompanhado e foi depois a uma discoteca afamada de Lisboa”, revela a apresentadora de programas cor-de-rosa Maya. “As coisas devem ter resvalado porque Ângelo foi encontrado inconsciente”, afirma a mesma fonte. “Terá havido neste hotel uma festa, num quarto, onde se reuniram algumas pessoas, e devem ter consumido álcool e, segundo o que parece, drogas“, afirma.
Como se sentem as pessoas envolvidas em chemsex
“O que aconteceu é um borrão. O prato de drogas ainda está na mesa de centro, mas não há nenhum indício de ressaca. As inibições desapareceram completamente ontem à noite e o prazer sexual parecia ilimitado”, descrevem os especialistas. Para muitos, “esta é a promessa do chemsex, mas por trás do fascínio da liberdade e da diversão esconde-se uma realidade de riscos para a saúde, vulnerabilidade e vício”, alertam.
Chemsex refere-se ao uso de substâncias psicoativas específicas para aumentar ou prolongar experiências sexuais e “é praticado principalmente, mas não só, por homens que fazem sexo com homens“. As substâncias mais habitualmente usadas são metanfetaminas, mefedrona, cetamina ou ácido gama-hidroxibutírico (GHB, normalmente conhecido como “G”). O objetivo é “aumentar o prazer durante o sexo e prolongar a sua duração, geralmente através da injeção de drogas – prática particularmente arriscada conhecida como ‘slamsex'”, explicam os cientistas.
Os perigos físicos e psicológicos a que Ângelo Rodrigues ter-se-á exposto
Entre as várias consequências negativas do chemsex podem estar diversos impactos na saúde física já que “está ligado a aumentos no comportamento sexual de risco, o que pode aumentar as taxas de transmissão do HIV e outras infeções sexualmente transmissíveis (ISTs)”. “Os participantes fazem sexo frequentemente com vários parceiros ao mesmo tempo, às vezes por períodos prolongados, o que aumenta a probabilidade de transmissão” de doenças.
Outro dos perigos será o abuso e dependência de substâncias “psicoativas que pode levar à intoxicação aguda e problemas de dependência a longo prazo, com repercussões tanto para a saúde física quanto mental”. “Os consumidores podem sentir fadiga física e mental, ideação suicida, psicose, comportamento agressivo ou overdose devido à perda de controlo sobre as substâncias”, descrevem.
Barreiras no momento de pedir ou obter ajuda
As pessoas que se envolvem em chemsex “sentem muitas vezes falta de apoio e compreensão e enfrentam várias barreiras no acesso aos cuidados de saúde“. A primeira envolve estigma e discriminação, “seja com base no uso de drogas ou na orientação sexual”. Preconceito e falta de consciência cultural entre profissionais de saúde “podem causar ou agravar a barreiras” para o tratamento. As barreiras legais e sociais são também problemáticas, pois o chemsex “envolve o consumo de substâncias ilegais, levando a estigma social”.
A falta de conhecimento entre consumidores e profissionais de saúde constituirá outro entrave à ajuda. “Os primeiros não têm geralmente conhecimento dos riscos envolvidos nas substâncias e práticas do chemsex e os últimos podem não entender a gravidade potencial da overdose de metanfetamina ou GHB”, assinalam os investigadores da Universidade de San Jorge – Benjamin Gaya-Sancho, Borja Romero Bilbao e Daniel Sanjuán Sánchez.
Por último, acessibilidade, financiamento e falta de serviços multidisciplinares são igualmente impeditivos da obtenção de ajuda clínica. “Cada profissional é responsável pela sua própria área e há poucas estruturas que combinam conhecimento. Onde existem, não há financiamento suficiente para torná-las úteis”, criticam.
O que podemos fazer?
“Todos podem ajudar e há muito que podemos fazer. No entanto, temos devemos ter várias coisas em mente”, explicam os especialistas espanhóis. Em primeiro lugar, “a atenção médica deve ser coordenada“. “Há uma falta de intervenções integradas de saúde pública adaptadas às necessidades específicas das pessoas que praticam chemsex”, diagnosticam. Por isso, “devem ser fornecidos cuidados confiáveis, competentes e éticos” na abordagem a estes casos, precisam.
Depois, são igualmente essenciais “estratégias de redução de danos focadas na autoeficácia do indivíduo” que “podem ocorrer on-line, que devem ser multidisciplinares ou feitas em terapia de grupo“. No entanto, “estas ferramentas continuam subdesenvolvidas”. “Educar e consciencializar sobre a segurança sexual e o uso de drogas, e participar em atividades educacionais sobre os riscos do chemsex e as suas implicações para a saúde são igualmente importantes”. O apoio da comunidade “deve também ser incentivado, com pessoas que partilhem informações e forneçam apoio com base nas suas experiências.
As políticas de saúde “devem abordar o uso de drogas como um problema de saúde e não como um crime”, sinalizam os cientistas. “Devemos minimizar o estigma e mostrar empatia para dar suporte aos consumidores. Isto deve aplicar-se a todos os profissionais de saúde. Por último, devem ser realizados novos estudos para entendermos melhor estas dinâmicas no sentido de tornar as intervenções de saúde eficazes.”
As metas da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável incluem “prevenir e tratar o consumo de substâncias e acabar com a epidemia de IST” até 2030, particularmente “entre grupos vulneráveis, como homens que fazem sexo com homens, migrantes e pessoas LGBTQ+”. Em última análise, o chemsex “apresenta um desafio complexo que transcende o indivíduo – é uma questão de saúde pública, de direitos humanos e justiça social”, consideram os investigadores Benjamin Gaya-Sancho, Borja Romero Bilbao e Daniel Sanjuán Sánchez, da Universidade San Jorge, em Zaragoza, Espanha.
“Lidar com os riscos desta prática requer não apenas medidas legais e de saúde, mas também uma mudança na forma como entendemos e apoiamos as comunidades afetadas. Educação, redução de danos e empatia são essenciais para encontrar soluções eficazes e sustentáveis”, concluem.
Siga a Impala no Instagram