Advogado de Carrilho afirma que Bárbara Guimarães «não tem credibilidade nem é coerente»

O Tribunal da Comarca de Lisboa foi palco de mais uma sessão de alegações finais no processo de violência doméstica, no qual Manuel Maria Carrilho é réu. Pedro Reis, advogado de Bárbara Guimarães, referiu que o antigo ministro da cultura deve ser sentenciado a pelo menos três anos de prisão efectiva.

Durante a manhã desta segunda-feira, dia 27 de novembro, deu-se mais uma sessão das alegações finais referentes ao caso de violência doméstica interposto pela apresentadora Bárbara Guimarães contra Manuel Maria Carrilho.

A sessão, que começou atrasada devido a uma falha no sistema informático do Tribunal da Comarca de Lisboa, focou-se nas declarações do advogado de Bárbara Guimarães, Pedro Reis, que pediu que o antigo ministro da Cultura fosse condenado a «a três anos e 10 meses de prisão efectiva», num quadro legal que prevê, para o caso em causa, uma sentença entre dois a cinco anos de prisão

 

A decisão deverá ser apresentada no próximo mês de dezembro

Manuel Maria Carrilho, para além de ser acusado de violência doméstica, está a ser também julgado por 22 crimes de difamação agravada. O ex-político foi condenado em outubro do presente ano a uma pena de quatro anos e seis meses suspensos, pelos crimes de violência doméstica, ofensa à integridade física, ameaça, injúria e denúncia caluniosa contra Bárbara Guimarães, o ex-namorado da mesma, Kiki Neves e o amigo da ex-mulher, Ricardo Pereira.

Atualmente, Manuel Maria Carrilho está proibido de contactar a apresentadora e foi obrigado a frequentar um curso de sensibilização contra a Violência Doméstica.

O antigo governante juntamente com o advogado, Paulo Sá e Cunha, vai recorrer no Tribunal da Relação. O advogado de Carrilho revelou estar à espera deste desfecho por parte do Ministério Público, mas afirma que, nas suas alegações, possa haver uma reviravolta.

Paulo Sá e Cunha recusou-se a comentar se achava possível uma pena efetiva, alegando que tudo o que tiver a dizer será em tribunal.

 

Manuel Maria Carrilho presente nas alegações finais

Paulo Sá e Cunha iniciou as alegações finais de defesa de Carrilho que se deverão prolongar até às 19h.

Durante a manhã de segunda-feira, Pedro Reis fez as suas alegações finais deixando a tarde para Paulo Sá e Cunha.

Apesar das alegações do advogado de Bárbara Guimarães em que foi pedida a pena de três anos e 10 meses de prisão efetiva, Carrilho quis estar presente para ouvir o seu advogado de defesa, Paulo Sá e Cunha, e mostrou-se tranquilo.

O advogado de defesa começou por desvalorizar as alegações de Pedro Reis e do MP acusando a apresentadora da SIC de ser mais inteligente do que se faz crer.

«A assistente não é inferior ao arguido como quer fazer crer. Não é simplória mas sim sofisticadíssima», disse perante o olhar atento de antigo ministro da cultura.

Por outro lado, Pedro Reis ri enquanto ouve as declarações de Paulo Sá e Cunha.

«A assistente não tem credibilidade nem é coerente.»

A defesa aproveitou as acusações à personalidade do arguido para se defender ao tentar descrever a personalidade da apresentadora classificando-a como «diva de Carnaxide».

«Bárbara Guimarães mente conforme lhe é conveniente»

Paulo Sá e Cunha quis analisar detalhadamente o período temporal em que Bárbara é agredida e muda a fechadura da porta para impedir que Carrilho entrasse quando regressasse de Paris.

A apresentadora, de acordo com o advogado, poderia ter apresentado queixa nesse momento pois tinha um advogado constituinte já nessa altura. No entanto, Paulo Sá e Cunha alega que na manhã de dia 16 de outubro, Bárbara estava numa campanha publicitária para a amiga, Fernanda Lamelas.

Nas imagens apresentadas, o advogado de defesa afirma que, mesmo que as marcas pudessem ser disfarçadas com maquilhagem e edição de imagem, no período que Bárbara vivia seria incoerente que em vez de estar com o advogado para apresentar queixa estivesse numa sessão fotográfica.

As imagens que constam no processo com marcas de agressões, tiradas no mesmo dia da sessão fotográfica, são também desvalorizadas pelo advogado de Carrilho pois têm pouca qualidade.

A história da ameaça com uma faca de cozinha

Um episódio que terá acontecido entre Bárbara Guimarães e Manuel Maria Carrilho em que o antigo ministro da Cultura terá ameaçado a apresentadora tem sido muito falado ao longo do processo.
Segundo as declarações que constam no processo, Carrilho terá ameaçado Bárbara, que tinha a filha de ambos, Carlota, ao colo, de que a mataria a ela, aos filhos e depois matar-se-ia.
Paulo Sá e Cunha afirma que este padrão de comportamente do alegado agressor é incoerente pois Carrilho passa de «homicida», num episódio em que Carrilho a agarrou por um braço e ameaçou, a «suicida» neste episódio com as facas.

Bárbara acusada de alimentar comunicação social

O advogado do antigo ministro acusa Bárbara Guimarães de ter facultado ao Expresso a denúncia da violência doméstica feita ao DIAP afirmando que a apresentadora «plantou» esta notícia.
«O Expresso é do grupo Impresa que por acaso é o grupo onde Bárbara trabalha», diz, insinuando que foi a apresentadora alimentar este «jornal de prestígio».
A queixa estava em segredo de justiça e de acordo com o advogado, a notícia indica pormenores que apenas Bárbara podia ter revelado.
Como tal, Manuel Maria Carrilho «só se defendeu». «Quando confrontado com o Expresso, defende-se», continua.
Isto é «a prova que faz cair a máscara do silêncio de Bárbara. É ela que dá o pontapé de saída. Carrilho respondeu. Isto é uma farsa dos silêncios de Bárbara.» «Sei que esta informação não partiu de Manuel Maria Carrilho e só pode ter partido de uma pessoa.»
Perante tais acusações, o advogado afirma ainda que este alimentar de notícias é mais grave pois não é um Correio da Manhã ou uma Flash mas sim um Expresso que, é a seu ver, um jornal de prestígio para os portugueses e tem outra força. E diz ainda que esta não foi a única vez que a apresentadora se manifestou.
A 6 de novembro de 2014, várias notícias são lançadas com a citação «ele disse que me matava». Essas notícias são para o advogado uma manifesta prova de que a apresentadora não tinha mantido o silêncio como apregoava.
Paulo Sá e Cunha afirma ainda que a apresentadora acabou por ser favorecida com toda a polémica uma vez que se tornou uma figura que representava uma causa nobre «contra a violência doméstica».

 

Durante todo o discurso do advogado, o antigo político mostrou-se tranquilo e ia esboçando alguns sorrisos consoante Paulo Sá e Cunha ia contrapondo as alegações do MP e de Pedro Reis.

A ida para Viseu

Depois do episódio com a faca, Bárbara Guimarães e Carrilho foram para Viseu onde a apresentadora tinha os pais.
«Seria de esperar que à primeira oportunidade, Bárbara, fugisse do marido. O marido que é caracterizado como perigoso e instável.»
Para o advogado de defesa, a apresentadora tinha independência financeira e por isso, se temesse realmente o marido, teria fugido à primeira oportunidade e levado os filhos.
«Este risco objetivo [de Carrilho usar a falar de 30 centímetros para matar Bárbara e os filhos] não teve nenhuma reação imediata. Seria de esperar, se o risco fosse real, que a reação fosse imediata», alega o advogado que afirma ser «incoerente» que a apresentadora esperasse até que o arguido partisse para Paris.

Paulo Sá e Cunha nega violência doméstica

«Não houve violência doméstica nenhuma nem psicológica. Houve sim uma degradação devido ao abuso de álcool da apresentadora.»
O advogado deu como razão o pedido de divórcio de Bárbara a degradação da relação entre ambos, «não tem nada a ver com violência doméstica».
Em conclusão, o advogado Paulo Sá e Cunha descredibilizou muitas das acusações feitas nas alegações finais de Pedro Reis e do MP fazendo-se valer das faculdades da apresentadora , das viagens com o marido e do comportamento do casal em público onde Bárbara se mostra feliz contrariando o momento que estaria a viver.
O advogado põe ainda em causa várias testemunhas por estas serem próximas da assistente e afirma que as fotografias apresentadas têm pouca qualidade para serem sequer válidas.
Quanto às marcas de dedos marcados no braço de Bárbara, o advogado alega que, por vezes, quem tem «a pele muito branca» fica com marcas na pele muito facilmente.
«Isso não significa que seja vítima de violência doméstica.»

 «Naturalmente vamos pedir a incondicional e absoluta absolvição do arguido.»

Advogado de defesa pede absolvição do arguido. Nova sessão tomará lugar às 10h de dia 4 de dezembro.

 

Texto: Marta Ferreira

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