Euro2024: 5 teorias de formação de equipas que podem decidir o torneio

Conforme os golos entram e as partidas são vencidas ou perdidas, eis “cinco teorias de formação de equipa que podem dar pistas sobre quem irá erguer a taça” de campeão europeu.

Euro2024: 5 teorias de formação de equipas que podem decidir o torneio

Existem, de acordo com Mladen Adamovic, professor de Gestão Intercultural do King’s College of London, cinco teorias de formação de equipas de futebol que podem decidir o vencedor do Euro2024, da UEFA.

O torneio celebra a grande habilidade e a capacidade atlética, mas é igualmente “uma oportunidade para as seleções nacionais de futebol demonstrarem a importância da liderança e do trabalho em equipa na busca do sucesso”, diz Adamovic.

Conceitos como “confiança, harmonia e empoderamento estão em campo” – e fora dele. Conforme os golos entram e as partidas são vencidas ou perdidas, eis “cinco teorias de formação de equipa que podem dar pistas sobre quem irá erguer a taça” de campeão europeu.

1. Futebolistas famosos

Uma teoria há muito estabelecida sobre trabalho em equipa (de 1920) é a do ‘efeito Köhler’, que “descreve uma tendência dos membros de uma equipa de ter um desempenho no nível médio daquele grupo”. Significa que “os membros de baixo desempenho são motivados a melhorar, mas também que os membros de alto desempenho podem acabar a cair”.

Para combater este efeito, “é crucial manter padrões e responsabilidade” – que “devem recair sobre as maiores estrelas”. “Jogadores como Cristiano Ronaldo (Portugal), Kevin De Bruyne (Bélgica), Kylian Mbappé (França) e Harry Kane (Inglaterra) são invocados não para se adaptarem ao nível médio da equipa, para motivar os companheiros a atingir padrões mais elevados”.

Os grandes nomes “não devem concentrar-se apenas nas suas próprias performances, mas também ser mentores dos companheiros de equipa menos experientes, principalmente quando as coisas parecem mais difíceis”.

2. Capacitar os atletas

Outro conceito é o ‘efeito Ringelmann’, “baseado numa experiência de guerra em 1927” – que “demonstrou que adicionar mais participantes a uma equipa acabava por reduzir os níveis de esforço individual, devido à diminuição da responsabilização e da visibilidade”.

Este é “um risco potencial para equipas de futebol, em que os jogadores são algumas vezes acusados ​​de ‘se esconder’ – ou não estar presentes – durante os jogos”. Em vez disso, “os treinadores devem procurar empoderar os seus jogadores e incutir-lhes um forte sentido de responsabilidade”.

Alguns treinadores parecem interessados ​​em entregar aos seus jogadores um papel na decisão de como abordar jogos e treinos. O técnico da Inglaterra, Gareth Southgate, explicou aliás que “gosta de que os jogadores tenham responsabilidade”. “Que pensem sobre o que estamos a pedir-lhes que façam, que tenham opinião sobre a forma como estamos a pedir-lhes que joguem e como estamos a pedir-lhes que treinem.”

O objetivo “é desenvolver as habilidades de liderança dos jogadores para que assumam a responsabilidade pelas suas próprias decisões e desenvolvimento pessoal”.

3. Confiança

Vários estudos identificaram a confiança como elemento-chave do desempenho de uma equipa. Quando um líder e outros atletas confiam nas habilidades e capacidades uns dos outros “aumenta a confiança e a cooperação – e o desempenho da equipa”, certifica Mladen Adamovic.

No mundo do futebol, Ronaldo e Mbappé destacaram-se individualmente e demonstraram grande confiança nas suas próprias habilidades. No entanto, pode argumentar-se que alcançaram o sucesso na seleção nacional somente quando começaram a confiar noutros jogadores, como o português Eder, que marcou o golo decisivo na final da Euro2016, e Olivier Giroud, que marcou vários golos cruciais para a França.

Quando treinadores e jogadores de ponta confiam nos seus companheiros de equipa, “a confiança dos atletas aumenta e eles retribuem essa confiança com mais comprometimento e motivação”.

4. Valores

valores compartilhados e apoio mútuo certamente ajudou o time a lidar com essa experiência chocante e até mesmo chegar às semifinais
Partilha de valores e apoio mútuo ajudou a Dinamarca a lidar com a experiência dramática e até chegar às semifinais, em 2021

Uma teoria popular de gestão argumenta que “as decisões e o comportamento dos líderes devem ser baseados nos seus valores pessoais para criar uma cultura de equipa motivadora e de apoio”. Uma adaptação dessa abordagem antes da Euro2020 veio do técnico principal da Dinamarca, Kasper Hjulmand, que se envolveu em conversas aprofundadas com cerca de 30 pessoas de várias origens, incluindo políticos, empresários, artistas e atletas. Hjulmand disse que queria entender melhor os valores da sociedade dinamarquesa, como diversidade, tolerância e respeito.

“Tudo começa com quem somos” foi o ponto de partida de Hjulmand quando se tornou técnico da Dinamarca. Esta abordagem ajudou-o a criar uma “filosofia de futebol que particularmente útil durante o Euro2020 [jogado em 2021 por causa da pandemia de covid-19], quando um dos seus principais jogadores, Christian Eriksen, sofreu um ataque cardíaco em campo”. Confiar em valores partilhados e apoio mútuo “ajudou certamente a seleção a lidar com esta experiência traumática e até chegar às semifinais”.

5. Inimigos e conflitos

Outro fenómeno de construção de equipa ocorre “quando os membros de um grupo se unem contra um inimigo comum”. No caso do futebol internacional, isto pode espoletar a ação de críticos ou críticas intermináveis ​​nas redes sociais sobre seleções e táticas de jogadores”. Estudos sugerem, contudo, que às vezes “a crítica pode ser uma força unificadora”, pois os elementos da equipa formam laços mais fortes como reação a essa negatividade externa.

Mas mesmo os laços mais fortes “podem romper sob imensa pressão”. Equipas com desempenho fraco “sofrem frequentemente de conflitos pessoais, o que pode levar a desentendimentos e a uma cultura tóxica”.

Os treinadores do Euro2024 trabalham imenso para criar “uma boa atmosfera no íntimo dos seus grupos de trabalho e a manutenção conforme as expectativas é reforçada”. No entanto, “para a maioria das seleções nacionais e para os seus adeptos, o evento acabará com algum grau de deceção”.

É nesse momento que os desafios de liderança e formação de equipa sejam talvez maiores – “quando os treinadores e jogadores tentam recompor-se e manter os seus níveis de confiança e motivação, ao iniciarem o longo processo de qualificação para o próximo grande torneio internacional”.

The Conversation

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