ONU destaca “forte apoio” às operações de manutenção de paz
O chefe das operações de manutenção da paz das Nações Unidas destacou hoje o “forte apoio” de muitos países às suas operações em locais distantes, apesar dos “ventos contrários, desafios e problemas”.
Jean-Pierre Lacroix, sub-secretário-geral para as operações de paz, disse numa entrevista à The Associated Press (AP) que a reunião ministerial bianual na capital do Gana, Acra, no início deste mês, contou com a presença de quase 100 países.
Segundo o responsável, 33 países comprometeram-se a enviar 117 unidades militares e policiais para as operações de manutenção da paz da ONU, enquanto 45 países fizeram mais de 100 promessas relacionadas com a formação de forças de manutenção da paz e parcerias.
“Tivemos realmente um forte nível de apoio à manutenção da paz, o que é ótimo, e as promessas foram muito boas”, disse Lacroix, admitindo: “Provavelmente temos mais do que o necessário”.
O número de elementos das forças de manutenção da paz e de pessoal da ONU diminuiu de mais de 100.000 em todo o mundo para 70.000 à medida que as missões foram terminando, algumas com mais sucesso do que outras.
Atualmente, existem 12 operações de manutenção da paz em África, na Ásia, na Europa e no Médio Oriente, um número que irá diminuir novamente na sequência dos pedidos dos líderes do Mali e do Congo para que as tropas da ONU abandonem o país, queixando-se de que as forças de manutenção da paz não cumpriram o seu mandato principal de proteger os civis dos grupos armados.
A estas acusações, Lacroix respondeu que centenas de milhares de civis são protegidos todos os dias pelas forças de manutenção da paz da ONU.
A retirada sem precedentes de cerca de 13.000 elementos das forças de manutenção da paz do Mali, que terminou este mês, e o recente acordo sobre a retirada faseada da força de mais de 14.000 elementos na República Democrática do Congo (RDCongo), suscitaram preocupações quanto à continuidade do apoio à manutenção da paz da ONU.
Mas Lacroix garantiu que há um forte compromisso com a ação das Nações Unidas.
Durante a reunião de Acra, adiantou, que os ministros também discutiram os esforços da ONU para enfrentar outros desafios, incluindo o aumento do número de mulheres nas forças de manutenção da paz, a segurança das tropas, a desinformação que afeta as operações de manutenção da paz, e problemas de disciplina, que inclui casos recorrentes de exploração sexual e violência sexual por parte das forças de manutenção da paz.
Paradoxalmente, sustentou, a manutenção da paz da ONU continua a ser uma das operações mais apoiadas da ONU, mas individualmente, as missões enfrentam problemas devido a divisões entre os 193 países membros – especialmente entre os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU que devem aprovar e estender os mandatos das missões de manutenção da paz.
Na grande maioria dos casos, Lacroix disse acreditar que as operações de manutenção da paz proporcionam “valor acrescentado”, apesar de todas as operações de manutenção da paz enfrentarem um ambiente político e de segurança muito mais difícil – todas elas, não apenas em África.
Normalmente, afirmou Lacroix, a ONU consegue gerir as dificuldades, incluindo um nível de segurança degradado para as missões de manutenção da paz, governos anfitriões que não cooperam totalmente e notícias falsas sobre as forças de manutenção da paz.
Mas as missões tornam-se extremamente difíceis de sustentar ou mesmo insustentáveis quando, para além disso, existe extremismo, como no Mali, que as forças de manutenção da paz da ONU não estão mandatadas para combater, ou conflitos regionais, como na região dos Grandes Lagos de África, onde o seu mandato apenas abrangia a RDCongo.
JH // JPS
By Impala News / Lusa
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