Jovem autista contraria expetativas e realiza sonho de ser médico
Jovem autista foi contra todas as expetativas e licencia-se em medicina. Foi vítima de bullying na escola e uma professora primária chegou a dizer-lhe que «nunca seria alfabetizado».
Enã Rezende, de 26 anos, sofre de autismo e desafiou todos os diagnósticos e expetativas ao formar-se, na última semana, em medicina, em Cuiabá, no Brasil. O jovem sempre foi vítima de bullying e convive diariamente com o preconceito.
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Enã não só concluiu a licenciatura, na semana passada, como vai agora especializar-se em Neurocirurgia. O jovem escolheu esta especialidade por causa do pai que morreu, quando Enã tinha sete anos, na sequência de um traumatismo craniano.
«Espero poder salvar as vidas de outros pais. A do meu não pôde ser salva, mas quero impedir que outras crianças fiquem sem pai», disse numa entrevista à BBC Brasil.
Jovem sempre teve características diferentes das outras crianças
«Uma das primeiras coisas que percebemos foram as dificuldades na fala. Ele não articulava bem as palavras. Tinha dificuldades na compreensão e não nos olhava nos olhos. Em contrapartida, tudo o que lhe ensinava, aprendia à primeira», recorda a mãe, Érica Rezende, psicóloga de profissão.
Quando iniciou o ensino primário, a professora disse que era impossível ensiná-lo. Na altura, Enã mudou de escola e aprendeu a ler e a escrever com a ajuda de uma tia.
O diagnóstico correto só veio aos 19 anos: Síndrome de Asperger.
«Fiquei feliz porque quando li sobre isso, percebi que me encaixava naquelas características. Deixou-me aliviado porque percebi que o facto de ser assim pelo menos tinha um nome. Ao mesmo tempo fiquei triste porque é uma condição neurológica irreversível. Durante algum tempo, senti preconceito contra mim mesmo. Agora já passou e lido bem com isso», revelou Enã.
O início na Medicina
Em 2012, contra todas as expetativas, o jovem entrou na universidade de Medicina. Os colegas e professores só se aperceberam da sua condição no segundo ano.
«Ele é extremamente inteligente, mas devido à dificuldade de interação, acabava por ficar isolado. Então, começámos a tomar a iniciativa junto dos professores e dos colegas, para que fosse integrado em grupos, e tudo isso ajudou na sua inserção social», disse a coordenadora Denise Dotta.
Enã teve um percurso universitário irrepreensível. Não chumbou a nenhuma cadeira e ainda ajudou alguns colegas.
O ano de 2017 marcou o jovem, porque foi a altura em que decidiu assumir nas redes sociais que era autista. A sua publicação, que falava abertamente sobre o autismo, valeu-lhe críticas e comentários ofensivos.
«Houve quem me dissesse que nunca consultaria um médico autista. Isso é puro preconceito», relembra.
Agora, Enã vai passar o ano numa unidade do exército a prestar serviços médicos e espera iniciar a sua especialização em 2020.
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Texto: Redação WIN - Conteúdos Digitais
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