Ilhor Homeniuk morreu «de asfixia lenta», garante perito
O perito que realizou a autópsia a Ihor Homeniuk declarou em julgamento que o relatório final da autópsia “conclui com segurança” que o ucraniano “morreu de asfixia lenta” provocada por várias fraturas nas costelas.
Carlos Durão, perito que realizou a autópsia a Ihor Homeniuk declarou no julgamento desta quarta-feira, 03 de março, que o relatório final da autópsia “conclui com segurança” que o ucraniano “morreu de asfixia lenta” provocada por várias fraturas nas costelas.
“A causa da morte é asfixia. Não tenho dúvidas“, garantiu. Adianta que, ainda antes de iniciar a autópsia, alertou a Polícia Judiciária porque “pela análise externa percebeu que algo não estava bem”, explicando “não era possível” haver “morte natural” naquele caso.
O médico excluiu ainda a possibilidade de Ihor Homeniuk ter morrido como resultado das manobras de reanimação cardíaca a que foi sujeito pelas equipas do INEM no aeroporto.
Carlos Durão foi perentório em afirmar que houve infiltrações hemorrágicas nos pulmões de Ihor Homeniuk devido à fratura de costelas provocadas por forças externas, assinalando que havia sinais claros de “calçado” no corpo da vítima.
Fraturas visíveis a olho nu
Explicou que não foi necessário tirar radiografias ao corpo para comprovar as fraturas nas costelas porque estas eram bastante visíveis a olho nu, insistindo que as fraturas foram causadas por “pessoas externas”.
No total, terão sido detetadas oito costelas fraturadas, o que, segundo o perito, dificultava a respiração de Ihor, tanto mais que este terá permanecido durante horas algemado e deitado de barriga para baixo, o que acentuava e potenciava a dificuldade em respirar.
Carlos Durão argumenta que as fraturas causaram uma “instabilidade torácica” que o levaram à morte, não podendo precisar quantas horas seria preciso para que isso fosse fatal. Acrescenta que a morte de Ihor Homeniuk resultou de “causa violenta“.
Morte por «aspiração do vómito» descartada
O perito disse ainda não ter detetado lesões na língua da vítima, afastando a possibilidade de este ter morrido por “aspiração do vómito“, porque não havia sinais disso na traqueia.
Durante a sessão foram ainda ouvidos dois inspetores do SEF que relataram pormenores relacionados com os acontecimentos que antecederam a morte do passageiro ucraniano.
Três inspetores do SEF – Duarte Laja, Luís Silva e Bruno Sousa – estão acusados de homicídio qualificado de Ihor, punível com penas até 25 anos de prisão.
O crime terá ocorrido a 12 de março de 2020, dois dias após ter sido impedido de entrar em Portugal, alegadamente por não ter visto de trabalho. Após ser espancado, terá sido deixado no chão, manietado, a asfixiar lentamente até à morte.
Dois dos inspetores respondem ainda pelo crime de posse de arma proibida (bastão).
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