Trabalhadores da Navigator concentram-se frente à AG da empresa por aumentos salariais
Cerca de 120 trabalhadores do grupo Navigator estão hoje concentrados frente ao hotel onde se realiza a assembleia geral da empresa, em Lisboa, a exigir aumentos salariais e o regresso à mesa das negociações.
Frente ao hotel Ritz, no centro de Lisboa, os trabalhadores colocaram um ‘cartoon’ onde se lê “Navigator vs Trabalhadores, Missão zero aumentos” e gritam “queremos aumentos de salários” e “negociação sim, imposição não”.
Na concentração falaram vários trabalhadores, incluindo delegados sindicais e membros das Comissões de Trabalhadores.
“O que se sente em chão de fábrica é descontentamento generalizado, ao contrário do que pintam, que há bom ambiente. Não, não há”, disse Hugo Moreira, trabalhador e delegado sindical.
Segundo explicou à Lusa o dirigente da Fiequimetal (Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas, afeta à CGTP) Mário Matos, a empresa aplicou o acordo que fez na Navigator Company com um sindicato a todos os trabalhadores do grupo Navigator UWF e o que houve foi uma antecipação da progressão de carreira (dependente da avaliação e em alguns casos com aumentos de poucos euros) quando, afirmou, uma coisa é carreira e outra é melhorar as tabelas salariais e aí não houve aumentos.
“A empresa vende à comunicação social aumentos de 6,4%. Onde estão? O que houve foi antecipação do plano de carreiras. O objetivo dos acionistas é que haja zero aumentos para trabalhadores”, disse ao microfone da concentração.
Um trabalhador de Setúbal que não quis dar o nome, pois afirmou que teme represálias, também vincou que “aumento anual foi zero”.
“Nós estamos ali para trabalhar e por turnos rotativos, folgas rotativas, férias marcadas por eles, um fim de semana livre por mês e aumento zero e ainda há coisas injustas a nível de prémio anual como 2,5 salário para chefes e para nós 0,45”, afirmou à Lusa.
A Fiequimetal disse que nos próximos dias pedirá à empresa regresso às negociações e que se não houver os trabalhadores vão reunir-se para avaliar novas formas de luta.
Segundo os sindicatos, a greve marcada para hoje não teve por objetivo paralisar as fábricas, mas permitir aos trabalhadores das fábricas de Setúbal, Figueira da Foz, Aveiro estarem presentes na concentração.
Presente na manifestação esteve o secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, que instou os trabalhadores à luta e disse que os acionistas não sabem o que é viver com 1.000 euros quando se reúnem num hotel cuja noite custa 1.200 euros.
“A única fonte se rendimento que a gente tem é o nosso trabalho, o nosso salário. Se dessa nossa fonte rendimento sai 150 milhões de euros para meia dúzia [em dividendos] e para milhares uma bola de nada, isso não pode ser” afirmou.
A Navigator teve lucros de 275 milhões de euros em 2023 e a proposta, que hoje deverá ser aprovada, é distribuir 150 milhões de euros em dividendos. A Navigator é detida sobretudo pela Semapa, cujo principal acionista, por sua vez, é a Sodim (holding da família Queiroz Pereira).
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By Impala News / Lusa
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