PR timorense pede a líderes políticos ética e defesa de interesses nacionais

Díli, 14 fev 2023 (Lusa) – O Presidente da República de Timor-Leste quer que os políticos no futuro parlamento e Governo saibam distinguir entre interesses partidários e nacionais, considerando os próximos cinco anos cruciais para a nação.“É agora, sem dúvida, o momento de os nossos políticos e partidos políticos agirem com a integridade e a […]

PR timorense pede a líderes políticos ética e defesa de interesses nacionais

PR timorense pede a líderes políticos ética e defesa de interesses nacionais

Díli, 14 fev 2023 (Lusa) – O Presidente da República de Timor-Leste quer que os políticos no futuro parlamento e Governo saibam distinguir entre interesses partidários e nacionais, considerando os próximos cinco anos cruciais para a nação.“É agora, sem dúvida, o momento de os nossos políticos e partidos políticos agirem com a integridade e a […]

Díli, 14 fev 2023 (Lusa) – O Presidente da República de Timor-Leste quer que os políticos no futuro parlamento e Governo saibam distinguir entre interesses partidários e nacionais, considerando os próximos cinco anos cruciais para a nação.

“É agora, sem dúvida, o momento de os nossos políticos e partidos políticos agirem com a integridade e a maturidade ética que o povo merece”, escreve José Ramos-Horta num texto enviado à Lusa.

“Os próximos cinco anos marcam um período crucial para o futuro da nossa nação. A forma como as nossas ações e políticas prosseguirem pode, ao fim das contas, representar o tudo ou nada para o futuro da nação”, vincou.

Na publicação, adicional ao discurso de segunda-feira em que anunciou as legislativas para 21 de maio, José Ramos-Horta deixa críticas à forma como a política tem sido conduzida em Timor-Leste e vinca que o país espera mais dos seus líderes.

“Espero que os partidos políticos se apresentem às próximas eleições de forma madura. Espero que se envolvam em debates sobre políticas e não se repitam apenas ‘slogans’ cansados. Espero que apresentem às pessoas informações e escolhas reais e não apenas debates intermináveis sobre personalidades, bandeiras, fundadores e afins. O povo merece mais que isso”, escreve.

“Os próximos cinco anos são o tempo do tudo ou nada para a nossa nação. Enfrentamos decisões difíceis na construção da nossa nação e da nossa democracia para o futuro. Se tomarmos as decisões erradas, arriscamo-nos a perder tudo”, sublinha.

Apelando à integridade, independência e rejeição de dogmatismo que “simplesmente repete slogans” dos líderes políticos, Ramos-Horta considera que o interesse público não passa por “simplesmente votar numa bandeira ou slogan partidário.

“Quando a política se torna simplesmente sobre partidos, empregos, posições, carros e portáteis, os parlamentos podem transformar-se num circo impróprio e auto interessado. O resultado é que as pessoas ficam cada vez mais insatisfeitas e consternadas. Tornam-se cínicos sobre todos os partidos políticos e das suas promessas”, afirmou.

“E, como vimos em muitos lugares do mundo, quando os eleitores desconfiam e desprezam os seus representantes, a própria democracia está em risco”, sustenta.

Ramos-Horta analisa o sistema político partidário do país, desenhado para permitir alguma competição de ideias e políticas, mas questiona até que ponto é que as opções para o país são realmente discutidas no espaço político nacional.

“Todos devemos começar a pensar no estado atual da nossa democracia, nos nossos partidos políticos e nos melhores interesses da nação. Nos próximos anos, Timor-Leste precisa de desenvolver uma visão do tipo de política que quer para o futuro. Criar as políticas necessárias para desenvolver e manter a nação unida, com uma visão comum, inclusiva e sustentável”, vincou.

O chefe de Estado refere-se à perceção pública, “que contém um elemento da verdade”, de que os partidos políticos em Timor-Leste são apenas “veículos para os membros do partido conseguirem emprego e obterem cargos de poder”.

Muitas forças políticas, disse, “não têm objetivos ou políticas reais desenvolvidas, e nem sempre, quando ganham poder, implementam as suas próprias políticas”, optando por fazer declarações que não passam de “banalidades inconsequentes”.

Como exemplo cita o caso de um partido defender “paz, uma vida boa e justiça”, sem detalhar em qualquer momento o que é que, em concreto, isso significa, que medidas concretas vão implementar e que metas esperam alcançar.

O próprio Plano Estratégico de Desenvolvimento do país é uma declaração de objetivos com que “todos podem facilmente concordar”, ficando por explicar, porém, as políticas pormenorizadas para alcançar os objetivos e como vão ser implementadas.

Aponta ainda situações em que as leis aprovadas em Timor-Leste procuram responder a preocupações externas e não às “realidades da nação e do seu povo” e em que relatórios, análises e recomendações “ficam na gaveta”.

“Organizações internacionais e as ONG e os nossos Governos gastam centenas de milhares de dólares em consultores e relatórios. Mas uma vez escritos, mesmo que sejam adotados, estes relatórios, políticas, memorandos e leis são muitas vezes deixados na gaveta, e só tirados para o efeito de monitorização e avaliação, ou para mostrar que o titular do poder cumpriu obrigações internacionais ou dos doadores”, refere.

O problema pode dever-se à falta de capacidade de entender, desenvolver e implementar as políticas, argumenta, ou mesmo ao facto das pessoas serem “preguiçosas ou simplesmente não estarem interessadas” nessas questões.

Talvez por isso, considera, os debates em Timor-Leste deixem de ser sobre políticas públicas e acabem por se tornar apenas debates sobre “personalidades, os seus legados históricos ou meras trocas de acusações de corrupção”.

O líder timorense, um dos elementos da geração histórica da luta pela independência — a dita “geração de 1975” — refere-se igualmente à transição para os mais novos.

“Nós, a geração de 75, a geração de líderes históricos da resistência e da independência, estamos, pura e simplesmente, a envelhecer. Mas mudança geracional requer mais do que novos líderes de partidos políticos. Para construir o nosso futuro comum, necessitamos de mecanismos eficazes para que as pessoas se expressem sobre questões de política e de vida pública”, escreve.

Aos jovens inteligentes nas fileiras pede humildade e que ajudem a construir a base de um “serviço público tecnocrático formado”, procurando que as respostas necessárias vão além “dos seus livros de texto universitários” procurando estar cimentadas no interesse geral.

“Devem sempre, em primeiro lugar, dever a sua fidelidade à nação e ao povo. Não devem ser dogmáticos. Devem estar sempre abertos a novas soluções, e não apenas guiadas pelo que lhes foi dito que podem funcionar e que, até agora, aqui ou noutro lugar, não funcionaram”, sublinha.

 

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By Impala News / Lusa

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