PLP espera mais apoio nas eleições em Timor-Leste após governação “positiva”

O PLP, do atual primeiro-ministro timorense Taur Matan Ruak, considera que a população faz uma avaliação positiva da governação, especialmente dos programas de apoio social, e que, por isso, vai ampliar o seu apoio ao partido nas legislativas de maio

PLP espera mais apoio nas eleições em Timor-Leste após governação

António Freitas, vice-presidente e coordenador-geral da campanha do Partido Libertação Popular (PLP), sustenta que, apesar das criticas da oposição, o Governo esteve “muito focado no desenvolvimento social” e que isso teve grande impacto na população.

“A questão do desenvolvimento humano foi muito importante e isso teve impacto na transformação da sociedade. Foi uma decisão muito positiva e essa política teve implicações positivas para a sociedade”, afirmou.

“Tivemos muitos desafios durante a pandemia e devido a desastres naturais, o que afetou muito o setor económico do país, mas estivemos empenhados numa política de recuperação social e económica, o que teve impacto direto no rendimento das famílias. Estamos convencidos da nossa posição e sentimos que isso será reconhecido nos nossos votos”, vincou.

A campanha do partido assenta num conjunto de prioridades, com Freitas a explicar que a primeira é “resolver a questão dos veteranos” que lutaram contra a ocupação indonésia.

Promover o desenvolvimento humano, combater a má-nutrição e a insegurança alimentar, fomentar a cooperação regional e bilateral, aumentar emprego, especialmente para os jovens, fortalecer a transparência na governação e reduzir a pobreza são outros objetivos do programa do partido.

“Estamos mesmo convencidos que os votos no PLP aumentarão. O voto vai aumentar em todo o território. Estamos a sentir muito entusiasmo na campanha, incluindo em alguns municípios onde estávamos preocupados. Muito entusiasmo, especialmente entre os jovens”, vincou Freitas.

O vice-presidente do PLP considera também “muito positivo” o trabalho da plataforma que sustentou a governação – que integrou ainda a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) — e que continuará depois do voto.

“A nossa avaliação é muito positiva”, disse Freitas, remetendo para depois de 21 de maio a decisão sobre quem será primeiro-ministro, se os três partidos voltarem a formar Governo.

Questionado sobre as muitas críticas que se ouviram à governação e à gestão do primeiro-ministro, Taur Matan Ruak — inclusive dentro dos partidos da plataforma — Freitas rejeita que haja uma perceção negativa e que o governo “se focou nas pessoas”.

Sobre se o PLP estaria aberto a uma eventual colaboração de novo com o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão — com quem Taur Matan Ruak não fala há vários anos — Freitas insiste que o partido trabalha como todos “se for pelo interesse nacional”.

“Não temos inimigos, mas pensamos no interesse de todos. O interesse nacional é o mais importante. Todos os lideres são importantes, mas o mais importante é garantir o interesse nacional, o futuro do país”, disse.

E vinca que, ao contrário do passado, nesta eleição uma crescente fatia da população está menos interessada em discutir personalidades e mais interessada em ouvir sobre programas ou políticas de governação.

“Essa é uma diferença muito importante relativamente há cinco anos. Há cinco anos, estávamos muito focados nas personalidades, mas agora é nas plataformas. E estamos confiantes com a nossa posição e decisões”, afirmou.

Sobre a política de veteranos do partido, e do atual executivo — que chegou a criar um fundo de mil milhões de dólares, posteriormente chumbado pelo Tribunal de Recurso -, Freitas não avança muitos pormenores, insistindo na ideia de que se deve pensar “numa política diferente” perante os gastos crescentes com pensões.

“A nossa política é diferente, investimento a longo prazo. Estamos a gastar 200 milhões por ano. Entendo as críticas que houve, mas mantemos os nossos argumentos fundamentais e depois de 21 de maio explicaremos melhor as nossas políticas”, disse.

Também no que toca à questão dos grupos de artes marciais (GAM), que têm ganho crescente influência na política nacional e até em setores do Governo, Freitas considera que a atual atmosfera é diferente do passado, com “líderes diretamente conectados com partidos políticos”.

“Mas respeitamos esse processo, se os GAM respeitam a lei. Sobre as pessoas diretamente conectadas com partidos políticos não tenho comentário. Respeito esses líderes diretamente conectados com artes marciais”, afirmou, comentando também a questão das oportunidades à juventude no país.

“Os jovens no PLP estão nos espaços de decisão. Mas é importante falarmos da questão da transição da liderança. A maioria dos nossos líderes da resistência, a maioria tem mais de 60 ou 65. Por isso esta é uma questão que nos interessa”, afirmou.

“Devíamos aprender com estes líderes, aprender tanto sobre os aspetos negativo como positivos, para podermos olhar em frente e avançar no positivo , deixando o negativo para trás”, sustentou.

Criado em 2017, o PLP é liderado por Taur Matan Ruak, o último comandante das Falintil, o braço armado da resistência timorense, primeiro líderes das Forças de Defesa (F-FDTL), que assumiu a presidência entre 2012 e 2017 e que é primeiro-ministro desde 2018.

As eleições de 21 de maio serão as terceiras em que o PLP se apresenta, mas apenas as segundas em que concorre sozinho, tendo na sua estreia, em 2017 sido a terceira força mais votada com 10,58% dos votos.

Nas antecipadas de 2018 o PLP fez parte de uma coligação pré-eleitoral com o CNRT e o KHUNTO — a AMP — que venceu com maioria absoluta, e Taur Matan Ruak foi designado primeiro-ministro, acabando por sobreviver no cargo até ao final do mandato, apesar da saída do CNRT e mercê da entrada no executivo da Fretilin.

 

ASP // PJA 

Lusa/FIm

By Impala News / Lusa

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