Nacionalista Georgescu bloqueará ajuda a Kiev se for eleito Presidente da Roménia
O vencedor inesperado da primeira volta das presidenciais romenas, Calin Georgescu, prometeu que se vencer domingo a segunda volta tentará bloquear o envio de ajuda à Ucrânia, alegando que a prioridade estará nos romenos.
Defensor de ideias de extrema-direita e nacionalistas, Georgescu anunciou que com ele haverá “zero” ajuda política e militar a Kiev.
“Tudo vai parar. Tenho que me preocupar com o meu povo. Já temos muitos problemas”, argumentou o político, numa entrevista à rádio pública britânica BBC para justificar o fim do apoio a Kiev, que enfrenta uma invasão russa desde fevereiro de 2022.
O chefe de Estado da Roménia é quem define as orientações da política externa e de segurança.
Georgescu negou também ser o “homem de Moscovo” nestas eleições, apesar de as autoridades romenas terem confirmado que a Rússia tentou influenciar o processo para benefício próprio.
O candidato garantiu não ser um “admirador” do Presidente russo, Vladimir Putin, apesar de o descrever como um “patriota” e um “líder”.
A comunidade internacional “não pode aceitar que o povo romeno tenha finalmente dito ‘queremos recuperar a nossa vida, o nosso país, a nossa dignidade'”, considerou ainda o romeno, apelidando de “mentiras” as dúvidas sobre a sua vitória na primeira rodada
O Conselho Supremo de Defesa Nacional da Roménia alertou no seu relatório sobre as tentativas de interferência russa e questionou o papel da rede social TikTok, pilar básico da campanha do candidato da extrema-direita, que negou ter favorecido Georgescu.
A Procuradoria Romena também está a investigar a origem dos fundos desta campanha.
O Tribunal Constitucional da Roménia validou na segunda-feira, após nova contagem, os resultados da primeira volta das eleições presidenciais, realizadas no passado dia 24.
Num país em clima de turbulência política, a decisão do Tribunal Constitucional clarificou a situação e permite uma segunda volta das eleições presidenciais no próximo domingo, nas condições inicialmente previstas.
Na primeira volta, contra as expectativas gerais e o que indicavam as sondagens, Georgescu venceu com 23% dos votos, seguido da conservadora e pró-europeia Elena Lasconi, que se impôs – por uma margem estreita e apenas cerca de dois mil votos – ao primeiro-ministro romeno, o social-democrata Marcel Ciolacu, que após o desastre eleitoral apresentou a sua demissão do cargo de presidente do seu partido.
Georgescu, que não contou com o apoio de nenhum partido, venceu a primeira volta também na diáspora, sobretudo dos romenos residentes em países como o Reino Unido, França, Itália, Alemanha e Espanha.
Lasconi, que ambiciona ser a primeira mulher a ocupar a chefia de Estado, anunciou que iria procurar alianças para vencer as eleições presidenciais e ter um governo de direita.
A política conservadora conta com o apoio do seu partido, o centrista USR, mas também do Partido Nacional Liberal (PNL) e do partido minoritário húngaro UDMR. Entretanto, o governista Partido Social-Democrata (PSD, de Ciolacu) não demonstrou o seu apoio expresso e limitou-se a dizer que os eleitores saberão decidir.
PL (CSR) // JH
By Impala News / Lusa
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