Chefe das operações de paz da ONU lamenta divisões no Conselho de Segurança

O chefe das operações de paz das Nações Unidas (conhecidas como “capacetes azuis”), Jean-Pierre Lacroix, criticou hoje as divisões entre as grandes potências no Conselho de Segurança da ONU, afirmando que estas cisões fragilizam estas forças.

Chefe das operações de paz da ONU lamenta divisões no Conselho de Segurança

Jean-Pierre Lacroix, secretário-geral adjunto das Nações Unidas desde 2017, vangloriou-se, no entanto, da longa lista de países, especialmente em África, que beneficiaram dos “milhões de homens e mulheres que servem sob a bandeira das Nações Unidas” desde 1948.

As forças de paz das Nações Unidas completam 75 anos na segunda-feira, data em que anualmente se comemora o Dia Internacional dos Capacetes Azuis.

Contudo, este ano, devido ao feriado prolongado nos Estados Unidos (para celebrar o ‘Memorial Day’), a ONU assinalou hoje este 75.º aniversário em memória dos “mais de 4.200 (capacetes azuis) mortos pela causa da paz” desde 1948, nas palavras do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Numa intervenção citada pelas agências internacionais, Lacroix lamentou que, 75 anos após a criação dos “capacetes azuis”, os Estados-membros da ONU estejam divididos, dizendo que essas cisões prejudicam o trabalho das forças de paz, nomeadamente por causa dos impasses verificados com frequência no Conselho de Segurança, órgão máximo das Nações Unidas devido à sua capacidade de fazer aprovar resoluções com caráter vinculativo.

O representante afirmou que a ONU tem agora “mais dificuldade em atingir os objetivos últimos da manutenção da paz: o destacamento, o apoio à implementação de acordos de paz”.

Mais de 87.000 pessoas de 125 países estão atualmente destacadas em 12 operações de paz em todo o mundo: Líbano, Mali, República Democrática do Congo, Chipre, Índia e Paquistão, entre outros.

Lacroix recordou que “a comunidade internacional era muito mais unida” na sua origem, destacando que em diversos cenários de guerra a atuação dos “capacetes azuis” se tornou mais vulnerável, devido às divisões dentro das Nações Unidas.

Um exemplo destas dificuldades, segundo Jean-Pierre Lacroix, encontra-se no Mali, onde os soldados franceses tiveram de abandonar o território, quando a Rússia (que é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e que tem poder de veto) convocou mercenários do Grupo Wagner para os atacar.

A Alemanha, o maior contribuinte para essa operação naquele país africano, com 1.000 soldados de paz, confirmou no início de maio a retirada das suas tropas dentro de um ano.

RJP // SCA

By Impala News / Lusa

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