Bolsonaro recusa ser intimidado pela justiça eleitoral e pede novos protestos
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, declarou hoje que não se sente intimidado com a decisão da justiça eleitoral de investigar os seus ataques ao voto eletrónico e incentivou novos protestos.
“Não aceitarei intimidações. Vou continuar exercendo meu direito de cidadão, de liberdade de expressão, de crítica, de ouvir, e atender, acima de tudo, a vontade popular”, declarou o Presidente brasileiro, num discurso perante apoiantes.
Bolsonaro concentrou sua nova ofensiva na pessoa do juiz Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que na segunda-feira, anunciou, com o aval de toda a justiça eleitoral, iniciar um processo administrativo para apurar as dúvidas que o Presidente tem semeado no sistema de votação para as eleições do próximo ano.
“Barroso presta um péssimo serviço à nação” e “pretende impor a sua vontade”, declarou o chefe de Estado brasileiro ao comentar a posição do presidente do TSE, que também é membro do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Se o ministro [juiz] Barroso continuar sendo insensível como parece que está sendo insensível, quer um processo contra mim, se o povo assim o desejar, porque eu devo lealdade ao povo brasileiro, uma concentração na [avenida] Paulista para darmos um último recado para aqueles que ousam açoitar a democracia”, declarou Bolsonaro.
“Repito, o último recado, para que eles entendam o que está acontecendo e passem a ouvir o povo, passem a entender que o Brasil tem 8,5 milhões de milhões de quilómetros quadrados e não apenas um pedacinho dentro do Distrito Federal”, onde se situa Brasília, acrescentou incentivando protestos contra o TSE.
A raiz do conflito está nas reiteradas críticas feitas pelo Bolsonaro às urnas eletrónicas que o país adotou em 1996 e que, segundo a grande maioria dos partidos políticos e a própria justiça eleitoral, acabaram com a fraude nas eleições.
Bolsonaro tem sustentado que esse sistema favorece as fraudes que, segundo ele, ocorreram nas últimas eleições, inclusive aquelas que o levaram ao poder em 2018.
O Presidente brasileiro defende uma emenda constitucional, em tramitação no Congresso, na qual propõe que, para as eleições de 2022, seja incorporada a velha cédula, paralelamente à votação eletrónica, que considera a única “realmente auditável”.
Ainda assim, onze partidos com representação parlamentar, incluindo vários da própria base do Governo, têm-se levantado em defesa do sistema eletrónico, apoiados pelo facto de, desde a sua adoção, não ter sido verificada nenhuma fraude.
Diante da decisão da justiça eleitoral de investigar sua conduta, Bolsonaro avisou que continuará “a exercer os direitos de cidadania, a liberdade de expressão e crítica, ouvindo, sobretudo, a vontade popular” que, segundo ele, deseja votar com cédulas.
“Jurei dar a minha vida pelo país”, acrescentou, levantando o tom perante um pequeno grupo de seguidores.
A pressão de Bolsonaro pelo voto impresso aumentou à medida que sua popularidade caiu nas sondagens eleitorais, que classificam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu maior adversário, como favorito para 2022.
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