Doação de órgãos de dador falecido e número de transplantes caíram em 2020
A doação de órgãos de dador falecido caiu 27% em 2020 face ao ano anterior, segundo dados hoje divulgados que apontam também uma quebra de 21% no número de transplantes, mas um aumento da taxa de utilização de órgãos.
A doação de órgãos de dador falecido caiu 27% em 2020 face ao ano anterior, segundo dados hoje divulgados que apontam também uma quebra de 21% no número de transplantes, mas um aumento da taxa de utilização de órgãos.
Os dados da atividade de colheita e transplantação de órgãos, tecidos e células de 2020, divulgados pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), através da Coordenação Nacional da Transplantação, revela que houve menos 94 dadores falecidos do que no ano anterior (menos 27%)
Segundo a Coordenação Nacional da Transplantação, este número refletiu-se sobretudo nos dadores com idade acima dos 50 anos.
Na atividade de transplantação, o IPST destaca em comunicado o aumento da taxa de utilização de órgãos, de 84% para 87%, a par de uma diminuição global da atividade, comparativamente a 2019, em cerca de 21%, com menos 185 órgãos transplantados.
“Este foi o real impacto na atividade da covid-19 na transplantação de órgãos em Portugal”, salienta.
O impacto da pandemia também se fez sentir na “atividade com tecidos e células”, onde se observou uma diminuição no número de transplantes de córneas, de tecido musculoesquelético e progenitores hematopoiéticos, na ordem dos 27%, 11% e 7% respetivamente.
“No ano em que Portugal e o mundo enfrentaram a pandemia por covid-19, que levou à reorganização da atividade hospitalar e à suspensão da atividade de doação e transplantação, assistimos a uma diminuição global da atividade mundial e europeia, verificada também em Portugal”, sublinha o IPST.
No entanto, destaca, em Portugal os números “foram melhores do que em muitos países da Europa”, uma vez que se observou uma redução “inferior à esperada”.
“As unidades hospitalares retomaram a sua atividade face à evolução da situação epidémica local e os planos de contingência foram sucessivamente adaptados e atualizados à medida da informação sobre a situação e do conhecimento adquirido”, salienta.
A Coordenação Nacional da Transplantação salienta a “constante dedicação dos profissionais de saúde na recuperação e sustentabilidade da atividade, o que contribuiu para que Portugal, apesar de todos os constrangimentos inerentes, chegasse ao final do ano de 2020 ocupando o 4.º lugar mundial na taxa de dadores falecidos por milhão de habitante”.
“Mesmo num ano de desafios, foi possível a realização do primeiro transplante renal cruzado internacional entre Portugal e Espanha, resultante de um protocolo de colaboração entre Portugal, Espanha e Itália nesta matéria, que aconteceu antes da primeira declaração do Estado de Emergência”, destaca ainda.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.853.908 mortos no mundo, resultantes de mais de 131,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.879 pessoas dos 823.335 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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