Covid-19: Transferências para o Hospital São João diminuíram
Os pedidos de transferência de outros hospitais para o São João, Porto, têm diminuído nos últimos dias, disse o presidente do conselho de administração de um equipamento hospitalar cujo serviço de infecciosas está lotado com doentes de Lisboa.
Os pedidos de transferência de outros hospitais para o São João, Porto, têm diminuído nos últimos dias, disse o presidente do conselho de administração de um equipamento hospitalar cujo serviço de infecciosas está lotado com doentes de Lisboa.
“Nos últimos dias temos manifestado a nossa disponibilidade, mas não tem havido necessidade de transferência de novos doentes”, disse Fernando Araújo que falava as jornalistas ao lado do bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, que esta manhã visitou, ente outros locais, a unidade de cuidados intensivos do serviço de infeciologia, bem como o serviço de urgência do Hospital de São João, no Porto.
Atualmente, estão internados neste hospital do Porto em 120 doentes com o novo coronavírus, dos quais “mais de 50” em cuidados intensivos.
“Estivemos hoje no serviço de doenças infecciosas e os doentes que lá estão todos eles vieram de Lisboa”, disse Fernando Araújo, especificando que “só nessa unidade são cerca de 20”.
O responsável do São João defendeu a necessidade de Portugal olhar para o combate à pandemia com “uma atitude generosa”, articulando “medidas em parceria para dar uma resposta integrada aos doentes” e contou que pelo princípio de humanização de cuidados, se tem “tentado limitar ao máximo” o tempo de internamento de doentes de outras zonas.
“Estão mais longe das famílias. Logo que estão estáveis são transferidos para unidades mais próximas da sua residência. As famílias podem ter confiança no tratamento, acompanham a evolução clínica e temos feito com que os doentes se sintam em casa”, disse Fernando Araújo.
Ao lado, Miguel Guimarães referiu que a visita ao Hospital de São João se traduziu “num sinal de grande esperança para o futuro” e elogiou o trabalho dos profissionais deste equipamento hospitalar que desde 02 de março do ano passado atendeu mais de 9.000 doentes covid-19 e teve em internamento mais de 2.000.
O bastonário também frisou a “capacidade de resposta na ajuda a outros hospitais”, falando em “centenas de transferências” e admitiu, embora “esperançado”, que a região que o “preocupa” mais neste momento é Lisboa e Vale do Tejo.
Outra “preocupação grande” da OM, de acordo com o bastonário, prende-se com a diminuição da referenciação de doentes pelos cuidados de saúde primários.
“[A referenciação] desceu na casa dos 30 a 50% dependendo da especialidade. Os nossos médicos de família estão preenchidos com as tarefas covid”, lamentou Miguel Guimarães, recordando as listas de médicos já reformados que “se ofereceram para trabalhar no Serviço Nacional de Saúde, muitos em regime de voluntariado, que poderiam libertar os médicos de família”.
“Tenho de lamentar porque a culpa é minha. Eu é que fiz o apelo por duas vezes. Sei que o Ministério utilizou alguns, mas outros nem foram contactados e queriam ajudar. Sei que há um conjunto alargado de médicos que podia ajudar”, disse o bastonário.
Miguel Guimarães realçou a “importância da liderança das unidades de saúde no combate à pandemia”, considerando que “faltou alguma liderança central”.
“Devia haver uma liderança central mais correta, mas os hospitais nunca pararam de tomar decisões”, concluiu.
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