Coronavírus. O que é a “fase de mitigação”? É a mais grave de contágio
Segundo a DGS explica no Plano Nacional de Preparação e Resposta à Doença por novo coronavírus, é a última fase de resposta antes da fase de recuperação.
Marta Temido considera que a “dinâmica da evolução epidemiológica está a ser muito rápida” e será “inevitável a entrada na fase de mitigação dentro de horas ou dias”, disse esta quarta-feira, dia 11 de março. Mas o que é a fase de mitigação?
Segundo a DGS explica no Plano Nacional de Preparação e Resposta à Doença por novo coronavírus, é a última fase de resposta antes da fase de recuperação.
O nível 3, mitigação, corresponde à presença de casos de COVID-19 em território nacional, e divide-se em dois subníveis, nível 3.1 – cadeias de transmissão em ambientes fechados, e nível 3.2 – cadeias de transmissão em ambientes abertos.
Segundo Marta Temido, é nesta fase que entraremos “dentro de horas ou dias”
“Neste contexto, as medidas de contenção da doença são insuficientes e a resposta é focada na mitigação dos efeitos do COVID-19 e na diminuição da sua propagação, de forma minimizar a morbimortalidade e/ou até ao surgimento de uma vacina ou novo tratamento eficaz”, lê-se no plano da DGS.
A evolução epidemiológica da infeção determinará o ajustamento imediato das respostas. Estas, terão de ser continuamente atualizadas e ajustadas à medida que surjam conhecimentos mais precisos sobre o comportamento do vírus nas comunidades humanas, dinâmica de transmissão e diversidade de respostas e consequências clínicas em função das características pessoais de cada pessoa infetada.
Esta é a última fase de resposta sendo que, segundo a DGS, depois vem a fase de recuperação em que a doença decresce em Portugal e no mundo.
Segundo a ministra, a definição de caso de Covid-19 foi alterada na terça-feira pela DGS, explicando que, a partir de agora, passa a ter em conta não só a situação epidemiológica e clínica, mas também a situação de outros síndromes que possam ser, à partida, identificados como a nova doença.
“Todos os países estão a fazer, no fundo, este processo à medida que avançamos no combate ao surto”, afirmou.
Dificuldades da Linha SNS 24 e da Linha de Apoio ao Médico
O deputado Moisés Ferreira advertiu para as dificuldades da Linha SNS 24 e da Linha de Apoio ao Médico.
“Continua a haver alguns relatos de muitas horas de espera para atendimento da Linha de Apoio ao Médico e compreendemos que isto é um problema”, disse o deputado, acrescentando que esta situação atrasa a triagem e a sinalização das pessoas para fazerem o teste, o que pode fazer com que “existam pessoas que podem estar contagiadas e que não são devidamente triadas”.
Durante a audição regimental, a ministra foi questionada pela deputada do CDS-PP Rita Bessa se as escolas iam encerrar e se as férias da Páscoa vão ser antecipadas devido à epidemia, lembrando que esta decisão já foi tomada em alguns países.
Apesar de ter remetido a decisão para a reunião do Conselho Nacional de Saúde, que se realiza hoje à tarde, Marta Temido disse que “não são medidas simples” e que é preciso ponderar os efeitos que esta decisão pode significar.
A ministra disse ser um facto que, por exemplo, a Grécia já tomou esta decisão, tendo um cenário parecido com Portugal.
“Temos conversado muito entre ministros em Portugal e com os nossos congéneres e o ministro da Educação está a acompanhar essa possibilidade e os impactos que podem ter de ser minimizados noutras áreas”, disse Marta Temido.
A ministra referiu que há “muitas crianças cuja refeição única é na escola e o deixar de ter este ritmo precisa de precaução”, mas que se pode colmatar a trabalhar com outras redes como as autarquias e IPSS para garantir que “ninguém fica desprovido de uma substância básica por estar em isolamento.”
Também é preciso garantir resposta aos idosos e mais vulneráveis, “daí os contactos com as misericórdias, no sentido de ver como se podem usar esses recursos para melhor responder com coisas simples como pão, leite, géneros essenciais”, apontou.
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.300 mortos em mais de cem países e territórios O número de infetados ultrapassou as 120 mil pessoas, com casos registados em 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 59 casos confirmados
A região Norte continua a registar o maior número de casos confirmados (36), seguida da Grande Lisboa (17) e das regiões Centro e do Algarve (três cada)
O boletim divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde assinala também que há 83 casos a aguardar resultado laboratorial e 3.066 contactos em vigilância, um aumento face aos 667 divulgados na terça-feira.
No total, desde o início da epidemia, a DGS registou 471 casos suspeitos
O Conselho Nacional de Saúde Pública (CNSP) reúne-se hoje para discutir medidas de contenção do surto de Covid-19, incluindo a possibilidade de antecipação das férias escolares da Páscoa.
As medidas já adotadas em Portugal para conter a epidemia incluem, entre outras, a suspensão das ligações aéreas com a Itália, a suspensão ou condicionamento de visitas a hospitais, lares e prisões, e a realização de jogos de futebol sem público.
Governo não tem de ter receio em tomar decisões de contenção
O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) defendeu hoje que “o Governo não tem de ter receio em tomar decisões de contenção” do surto de Covid-19 para que Portugal “não passe por aquilo que outros países passaram”.
“Estamos numa fase importante de contenção da doença. O Governo vai hoje tomar decisões que são decisões importantes para o país e o Governo não tem de ter receio em tomar decisões de contenção porque são mesmo necessárias”, disse Miguel Guimarães.
O bastonário da OM, que falava aos jornalistas no Porto à saída de uma reunião com o conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), frisou que todos os setores têm de estar “unidos no objetivo de conter a doença e tratar quem está infetado” nem que isso implique “fazer alguns sacrifícios”.
“Não queremos que Portugal passe por aquilo que passaram outros países, nomeadamente a Itália. E para que isso não aconteça é preciso quebrar a transmissão do vírus e isso significa fazer alguns sacrifícios temporariamente”, afirmou. Questionado sobre as medidas considera que devem ser adotadas de imediato e se defende o fecho de estabelecimentos escolares, Miguel Guimarães disse que “a OM não tem de ter posição sobre o encerramento das escolas”, no entanto, “como médico e cidadão ativo”, defende que “se as escolas forem consideradas como locais onde o vírus pode ser transmitido, o Governo deve considerar seriamente encerrá-las”.
“E terá todo o apoio da OM. Todas as medidas consideradas principais, não vale a pena adiá-las um dia ou dois dias”, sublinhou.
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Texto: Marta Amorim | Fotos: Dr
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