Irão terá urânio enriquecido 23 vezes acima do limite autorizado

A Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) acusou hoje o Irão de aumentar significativamente as reservas de urânio enriquecido nos últimos meses, prosseguindo a escalada nuclear, apesar de Teerão negar que pretenda adquirir uma bomba atómica.

Irão terá urânio enriquecido 23 vezes acima do limite autorizado

Segundo um relatório da organização com sede em Viena, as reservas de urânio enriquecido do Irão ascendiam a 4.744,5 kg a 13 de maio (contra 3.760,8 kg em outubro), mais de 23 vezes o limite autorizado pelo acordo internacional de 2015.

Segundo a AIEA, registou-se igualmente um forte aumento das reservas de urânio pouco enriquecido, inferior a 2%, que passaram de 1.555 para 2.459 quilogramas, o que representa um aumento de 58% num período de três meses.

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Segundo o acordo nuclear entre o Irão e seis grandes potências, assinado em 2015 e suspenso de facto durante vários anos, o Irão não deveria ter mais de 300 quilos de urânio enriquecido a 3,67%, no máximo. No relatório, a AIEA indica que o Irão forneceu informações satisfatórias para esclarecer algumas dúvidas sobre a origem das partículas cindíveis encontradas numa instalação e cuja investigação, anunciou hoje a organização, foi encerrada.

A AIEA decidiu encerrar o dossiê sobre a presença de material nuclear no local não declarado de Marivan depois de ter recebido “explicações plausíveis” de Teerão. O organismo da ONU “não tem mais perguntas e este assunto é considerado resolvido nesta fase”, segundo um relatório confidencial consultado hoje pela agência noticiosa France-Presse (AFP), poucos dias antes de uma reunião do Conselho de Governadores.

Além disso, o Irão informou os inspetores sobre a origem das partículas de urânio enriquecido a 83% encontradas na central subterrânea de Fordo, no sul do Irão. Na sequência das explicações dos técnicos iranianos, a AIEA não necessita de mais nenhuma informação sobre o assunto, refere o relatório enviado hoje aos países membros da AIEA, cujo Conselho de Governadores inicia a sua reunião de verão na próxima segunda-feira.

Irão autorizou a reinstalação de câmaras de vigilância em duas instalações

Ao mesmo tempo, tal como acordado com o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, numa declaração conjunta em março, o Irão autorizou a reinstalação de câmaras de vigilância em duas instalações de enriquecimento e numa fábrica onde produz compostos de processamento de urânio. No entanto, salienta Grossi no relatório, continuam em aberto e sem resposta as questões relacionadas com os vestígios encontrados em duas outras instalações nucleares não declaradas no Irão.

Sem a clarificação destas questões pendentes no âmbito do acordo de salvaguardas (controlos) entre o Irão e a AIEA, a agência nuclear não pode dar garantias sobre a natureza exclusivamente pacífica do programa nuclear do Irão. No início de 2021, o Irão restringiu significativamente o acesso dos peritos da AIEA às instalações nucleares no país, comprometendo a capacidade dos inspetores de verificar as atividades nucleares na República Islâmica.

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Os Estados Unidos, então sob a presidência de Donald Trump, abandonaram o acordo em 2018, enquanto o Irão começou a renegar as suas obrigações um ano depois, tanto em termos de produção de urânio como de acesso concedido aos inspetores da AIEA.

O atual Presidente norte-americano, Joe Biden, tentou reavivar o acordo, mas as negociações com o Irão e as outras potências envolvidas no acordo — China, Rússia, França, Alemanha e Reino Unido – acabaram por entrar num impasse. Desde o início da guerra na Ucrânia e a violenta repressão dos protestos no Irão, as conversações foram totalmente suspensas, sem qualquer indicação sobre quando poderão ser reativadas.

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