Como evitar, identificar e tratar picadas de mosquito, carraça ou pulga neste verão
Verão, picadas de insetos e muita comichão – não há um sem as outras. Os tipos de comichão, intensidade e aparência dizem-nos muito sobre o que nos picou: mosquito, carraça ou pulga?

O verão pode ser maravilhoso, mas muitas vezes somos forçados a partilhar momentos que ele nos proporciona com companheiros indesejados. Insetos como o mosquito, a abelha, a carraça, a aranha e a pulga podem transformar um dia perfeito numa experiência irritante ou mesmo preocupante.
É comum notarmos uma comichão repentina ou uma erupção cutânea misteriosa após um passeio de verão, mas os tipos de comichão, intensidade e aparência dizem-nos muito sobre o tipo de inseto que nos picou.
Estas pistas podem dizer-nos como aliviar os sintomas e se se justifica uma ida ao posto de saúde. Tomando as medidas certas, com as informações corretas, podemos evitar sustos de saúde, visitas desnecessárias ao médico e até complicações médicas.
As picadas mais comuns
Embora existam semelhanças inegáveis entre a maioria das picadas ou ferroadas de insetos, também existem diferenças. Na verdade, cada uma tem as suas próprias características, sintomas específicos e tratamento adequado.
1. Mosquito
Sintomas: vermelhidão, inchaço leve e comichão intensa. A picada de mosquito desaparece geralmente sozinha após três dias, sem complicações.
Recomendações: lavar a área com água e sabão e aplicar compressas frias e anti-histamínicos tópicos em caso de comichão intensa.
2. Abelha e vespa
Sintomas: dor imediata, leve inchaço, ardência intensa. As abelhas deixam o ferrão, mas as vespas não.
Recomendações: remover o ferrão (se necessário), aplicar gelo, tomar anti-histamínicos orais em caso de reação localizada e estar atento a sinais de reação alérgica.
3. Carraça
Sintomas: o curioso sobre as carraças é que as picadas podem passar totalmente despercebidas. A pista é que, ao cair, a carraça deixa uma pequena marca vermelha em forma de alvo.
Recomendações: remover com pinça, tendo cuidado para não torcer ou apertar o corpo do inseto. Desinfetar e vigiar febre ou erupção cutânea nos dias seguintes.
4. Pulga
Sintomas: pequenas manchas vermelhas, geralmente em caroços ou aglomerados, com comichão intensa. Localizam-se por norma nos tornozelos, nas pernas ou em áreas onde as roupas são apertadas. A erupção pode durar vários dias e haver risco de superinfeção se a zona for coçada excessivamente.
Recomendações: lave a área com água e sabão e use anti-histamínicos tópicos e orais se a comichão for intensa. Também deve verificar animais de estimação e tecidos domésticos, que costumam ser a fonte destes insetos.
5. Percevejo
Sintomas: picadas múltiplas e agrupadas que causam muita comichão, particularmente à noite.
Recomendações: lave a área e aplique anti-histamínicos tópicos. Inspecione o ambiente e tome medidas para eliminar a presença de percevejos na sua casa.
6. Aranha
Sintomas: dor e vermelhidão localizadas, às vezes com duas manchas visíveis das presas da aranha.
Recomendações: Lavar com água e sabão e aplicar água fria. Consultar um profissional de saúde em caso de necrose, febre ou mal-estar.
Quando devemos preocupar-nos?
Normalmente, qualquer uma das picadas mencionadas não passa de um simples incómodo que desaparece após alguns dias. No entanto, uma picada pode também desencadear problemas de saúde mais sérios.
Reação alérgica grave (anafilaxia): dificuldade respiratória percetível, inchaço nos lábios e pálpebras, tontura e perda de consciência.
Resposta: chame uma ambulância. Se a vítima tiver uma epipen (autoinjetor de adrenalina para tratar reações alérgicas graves), use-a.
Infeção: vermelhidão progressiva da área afetada, calor e pus localizados e, potencialmente, febre.
Resposta: consulte um profissional de saúde. Pode ser necessário tratamento com antibióticos.
Doenças transmitidas por carraças, como a doença de Lyme: erupções cutâneas vermelhas em forma de alvo, febre e dores musculares e articulares, todas aparecendo vários dias após a picada.
Resposta: entre em contacto com um profissional de saúde.
Repelentes: o que funciona mesmo?
A melhor forma de evitar as consequências de uma picada de inseto é evitar… sermos picados. Uma das maneiras mais eficazes é usar repelentes aprovados que contenham DEET (dietiltoluamida) ou icaridina.
Diversos produtos que contêm estes compostos podem ser encontrados em farmácias ou em supermercados. A variedade pode parecer avassaladora, mas o segredo é simplesmente ver o rótulo e analisar o que contém o repelente. Os principais a serem observados são DEET e icaridina, ingredientes ativos comuns usados para repelir insetos como mosquitos, carraças e outros potenciais transmissores de doenças.
Qual dos dois é mais eficaz? Duram muito? São igualmente eficazes em diferentes ambientes?
O DEET é o repelente mais amplamente utilizado e cientificamente estudado. Usado desde a década de 1950, é considerado um dos mais eficazes contra mosquitos, carraças e moscas. A duração depende da sua concentração. Por exemplo, se o rótulo indicar 30% DEET, os seus efeitos podem durar cerca de 6 horas. Em termos de segurança, repelentes que contêm DEET não apresentam riscos para a saúde se usados corretamente. No entanto, podem irritar a pele ou danificar roupas feitas de tecidos sintéticos.
A icaridina é uma alternativa mais moderna ao DEET e é igualmente eficaz em concentrações semelhantes. Um repelente que contenha 20% de icaridina tem duração equivalente a um repelente com 30% de DEET. Difere do DEET por ser menos odorífero, menos oleoso e mais amigável à pele e aos materiais. Também é eficaz contra mosquitos e carraças e tem duração de 6 a 8 horas após a aplicação. Por ser mais suave para a pele, a icaridina é uma opção melhor para crianças ou pessoas com pele sensível.
Em áreas com alto risco de doenças como dengue, malária e zika, ambos os compostos são úteis. No entanto, é preciso garantir que sejam suficientemente fortes – pelo menos 30% de DEET ou 20% de icaridina.
Outras formas de nos mantermos seguros
Além de repelentes, as medidas físicas incluem o uso de roupas de proteção, especialmente em áreas rurais ou com vegetação alta. Também é recomendável instalar mosquiteiros e evitar águas paradas. Outro bom hábito é fazer uma verificação completa do corpo ao regressar a casa após uma caminhada no campo, porque as carraças podem esconder-se em áreas como virilha, axilas ou até mesmo atrás das orelhas.
Se sabe que tem alergia a uma picada específica de inseto, deve sempre ter consigo uma epipen. Ser alvo destes insetos não é excecional. Na verdade, picadas e mordidas são muito comuns, especialmente na primavera e no verão. Não podemos evitá-las completamente e a chave é saber como identificar picadas, aplicar os cuidados adequados e quando necessário procurar orientação ou atendimento médico. Uma ação informada pode ser a diferença entre um simples incómodo e uma grande emergência médica.
Por que são atraídos os insetos pelas luzes artificiais?
O clássico churrasco de verão acaba sempre da mesma forma. Prolonga-se pela tarde e quando o sol se põe enxames de insetos esvoaçam em torno das luzes que entretanto acendemos. Mas voar em torno de luzes artificiais pode ter consequências mortais para criaturas como traças, mosquitos e outros. Podem ficar presos sob abajures e expostos a predadores como besouros, aranhas, morcegos e pássaros.
Esta “atração estúpida” chega mesmo a distrair os insetos de objetivos como “comer, acasalar e reproduzir-se”, diz Avalon Owens, investigadora da Universidade de Harvard, o que que “não é de menosprezar”. As luzes artificiais podem estar a contribuir para a diminuição das populações de insetos em todo o mundo. Dados os riscos, por que motivo os insetos são magneticamente atraídos por luzes artificiais?
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