Filho de Tony Lemos quer deixar pai que morreu “orgulhoso” ao participar no Festival da Canção

Filho mais velho de Tony Lemos escreveu um texto emotivo nas redes sociais e revelou um grande feito em memória do pai. Cláudio Lemos terminou uma melodia e vai levá-la ao Festival da Canção. “Espero que estejas orgulhoso”, disse referindo-se ao falecido músico.

O filho mais velho de Tony Lemos e a sobrinha do músico, Maria, criaram uma melodia para o álbum dos Santamaria em conjunto. Agora Cláudio Lemos e a filha de Filipa Lemos vão concorrer ao próximo Festival da Canção com a mesma música.

A revelação foi feita pelo descendente do falecido artista através da sua página pessoal do Facebook com um longo e emotivo texto.  “Ele [Tony Lemos] acreditava em mim (mais do que eu até) e sabia do meu potencial, não fosse o estúdio que me montou no quarto no meu aniversário”, começou por dizer Cláudio Lemos.  E continuou: “Ela [Filipa Lemos] convenceu-me a mostrar as demos ao meu pai. Ao jantar, passei-lhe o telefone para ouvir e foram os três minutos mais longos da minha vida. Ele acabou de ouvir, olhou para mim com um sorriso enorme e disse-me: “És louco! Quero ouvir mais”. “Esta foi a música que lhe mostrei no último dia que estive com ele“, confessou o filho mais velho de Tony Lemos.

Cláudio Lemos e Maria não desistiram até terminarem a música. Após a canção estar completa, os jovens decidiram dar um salto de fé e vão concorrer ao concurso anual que elege o representante de Portugal para o Festival da Eurovisão.  “Sei que estás orgulhoso em mim por ter terminado o curso, por ter terminado o que me pediste, por ter começado a produzir, e pelo facto de eu e a Maria estarmos a submeter uma música nossa ao Festival da Canção”, por ler-se.   “Espero que estejas orgulhoso. Não espero, sei!”, acrescentou ainda.  Tony Lemos morreu com 48 anos no dia 13 de outubro de 2020.

Leia aqui o texto completo de Cláudio Lemos para o pai, Tony Lemos:

“No ano passado comprei o meu primeiro teclado MIDI. Ao início, às escondidas do meu pai, mas um dia ele acabou por me ver a mexer nele e surpreendido (mas entusiasmado) perguntou-me o porquê. Eu dei a desculpa de que era para as aulas de sound design na faculdade, mas sabia bem que a razão de o ter comprado era realmente para produzir música.Em específico, uma música para os Santamaria. Mas não lhe disse. Tinha medo, medo de não resultar, não ser bom a produzir e não chegar às expectativas do meu pai, então estive meses sem lhe mostrar uma única demo. Mas no fundo ele acreditava em mim (mais do que eu até) e sabia do meu potencial, não fosse o estúdio que me montou no quarto no meu aniversário. No dia do aniversário da minha tia, estávamos no carro a chegar ao restaurante e perdi o medo e mostrei-lhe algumas das coisas que andava a fazer. Ela gostou e convenceu-me a mostrar as demos ao meu pai. Ao jantar, passei-lhe o telefone para ouvir e foram os três minutos mais longos da minha vida. Ele acabou de ouvir, olhou para mim com um sorriso enorme e disse-me: “És louco! Quero ouvir mais”.
E então passei o resto do verão a produzir, e a produzir, porque ainda não estava contente com o que tinha feito, nem que estaria ao nível da visão que tinha para uma música à Santamaria. Ao longo desse verão, também foram muitas as discussões que tive com o meu pai, pois tínhamos ideias muito distintas para o que queríamos que fosse o futuro dos Santamaria.
Mas dessas discussões, ele percebia (e sempre soube) que vinha o maior amor que tenho por este projeto, pois além de os acompanhar em estrada desde que nasci (literalmente), sempre admirei o legado que deixaram na música portuguesa e no potencial que ainda tinham passado mais de 20 anos de carreira.
Esta foi a música que lhe mostrei no último dia que estive com ele. “Está top! Pede ao Lucas para te ajudar a terminá-la”. E fiz o que ele me pediu. Em novembro, lá estava eu no estúdio com o Lucas a terminar a música.
Com a deadline do álbum a chegar, ainda faltava a melodia e a letra. Eu e a minha prima Maria já tínhamos tentado várias melodias ao longo desses meses, mas ainda nada tinha resultado. Em abril, estava com a Maria na casa da minha avó a ouvir a demo pela 1000.ª vez, até que decidi improvisar algo por cima. Do nada, surgiu. Mal acabei, eu e a Maria olhámos um para outro com aquele olhar e aquele sorriso e ela parou tudo o que estava a fazer para irmos gravar o que me tinha acabado de sair.
Em menos de uma hora, tínhamos a melodia e a letra terminadas. Agora só faltava por voz, nesta que seria a última música a estar terminada para o álbum. Digamos que estar em estúdio a ver e ouvir a minha tia a interpretar a música que eu fiz é algo que nunca vou esquecer.
Espero que estejas orgulhoso. Não espero, sei! Sei que estás orgulhoso em mim por ter terminado o curso, por ter terminado o que me pediste, por ter começado a produzir, e pelo facto de eu e a Maria estarmos a submeter uma música nossa ao Festival da Canção.
Sei que estás orgulhoso no Gonçalo, pela pessoa que ele é, pela dedicação e garra que tem em tudo o que faz, e principalmente pelos homens que nos vamos tornar por tua causa. Sei que estás orgulhoso em nós, por continuarmos este projeto que será sempre o teu legado, por termos terminado o álbum, e pelo concerto que demos no Super Bock Arena, foi tudo por ti e para ti! E irá continuar a ser e vais estar orgulhoso desta caminhada que não pode parar, nunca!”

Texto: Carolina Sousa; Fotos: Redes Sociais

 

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