O que a ciência diz sobre as melhores maneiras de se refrescar durante uma onda de calor

O que diz a ciência sobre as melhores formas de se refrescar no combate às ondas de calor que assolam o nosso país por estes dias.

O que a ciência diz sobre as melhores maneiras de se refrescar durante uma onda de calor

“Passamos a maior parte do ano a reclamar do frio e da humidade, mas quando se trata de nos queixarmos da temperatura alta o nosso entusiasmo não esmorece”, observa Chloe Brimicombe, especialista em Alterações Climáticas e Saúde da Universidade de Reading, no Reino Unido. Embora reclamar seja psicologicamente satisfatório, o melhor é conhecermos, de acordo com a ciência, as maneiras de se refrescar. Por norma, devemos tomar precauções “quando as temperaturas atingem 24 graus, pois é quando as doenças causadas pelo calor e as mortes podem aumentar”, explica.

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“Estarmos sob a temperaturas muito elevadas leva-nos a sentirmo-nos mal e pode até matar-nos. Algumas pessoas são mais vulneráveis ​​ao calor – acima dos 65 anos, menores de cinco, grávidas, indivíduos com problemas de saúde (como doenças cardíacas e problemas de saúde mental) – e quem trabalha ao ar livre deve socorrer-se de proteção extra, principalmente em climas quentes ou durante ondas de calor. Podemos aumentar a tolerância ao calor se nos aclimatarmos lentamente, ao longo do tempo”, aponta Chloe Brimicombe.

Algumas das melhores maneiras de se refrescar de forma correta

De acordo com diversas investigações científicas, colocar os pés em água fria “é uma boa maneira de reduzir a temperatura corporal central e manter os órgãos a funcionarem” de forma correta. “Também ajuda a reduzir o inchaço nos tornozelos e pés“, acrescenta. No entanto, “tomar um banho morno irá refrescar-nos mais rapidamente e é a maneira mais eficaz de nos refrescarmos”. “Não mergulhe em água gelada, pois o choque térmico pode ser perigoso. Em condições de seca, poupe água e concentre-se em arrefecer pés, mãos, pescoço e rosto”, aconselha Brimicombe.

A brisa refrescante de uma ventoinha contra a pele pode ser boa, “mas nem sempre refresca“. “Os ventiladores podem realmente fazer-nos sentir pior, especialmente em condições de calor seco: aceleram a desidratação e algumas doenças motivadas pelo calor.” A orientação da Organização Mundial da Saúde é que o uso de uma ventoinha em temperaturas acima de 35 graus não reduzirá a probabilidade de exaustão pelo calor e insolação.

O que a ciência diz sobre as melhores maneiras de se refrescar
A ventoinha é uma das boa maneiras de se refrescar, mas não impede a insolação

Em dias de calor extremo, alerta a investigadora, “é importante mantermo-nos hidratados e repormos os minerais que perdemos quando suamos“. “Em média, em condições muito quentes (acima dos 30 graus), suamos 3 a 4 litros por hora e até 10 litros por dia, o equivalente a 40 chávenas de chá. As bebidas quentes “aumentam a temperatura corporal central e induzem a transpiração, o que reduz a temperatura”. “Bebidas frias e geladas também  refrescam, mas ao contrário do que poderíamos julgar, as quentes podem ser um pouco mais eficazes do que as frias. Qualquer que seja a temperatura, beba muito líquido”, incita a cientista da Universidade de Reading.

Outra forma de combater o calor é “nadar em cursos naturais de água, como ribeiros ou rios“. Esteja no entanto ciente do choque térmico. “Mergulhe lentamente o corpo na água, entenda os limites da sua capacidade de nadar e as regras sobre onde é seguro fazê-lo, porque muitas pessoas afogam-se onde os climas são mais quentes.

Design urbano

As noites de ondas de calor podem deixar-nos uma questão: devemos ou não instalar um ar condicionado? Chloe Brimicombe confirma que as temperaturas elevadas “podem ser especialmente maus nas cidades, que criam ilhas de calor urbanas (uma área metropolitana muito mais quente do que os espaços rurais circundantes)”. Existe uma alternativa ao ar condicionado muito mais suave na nossa conta de energia. Paredes e telhados verdes não apenas parecem bonitos, como podem arrefecer os edifícios em até 12 graus de temperatura na área circundante. As chamadas paredes verdes podem ser até 32 graus mais frias do que as convencionais e economizar 59% dos custos de energia, além de fornecer isolamento acústico.

O que a ciência diz sobre as melhores maneiras de se refrescar
O edifício Bosque Vertical, em Milão, tem ‘paredes verdes’ e é muito eficaz em termos térmicos

Este tipo de edifícios floresceram nos bairros de Londres, graças a uma política de planeamento local desde 2008, mas estão a ser adotados em muitas cidades europeias. Arrefecem edifícios de telhado plano no verão e isolam-nos no inverno. Reduzem o risco de inundações, absorvendo a água da chuva, filtram a poluição do ar e fornecem refúgios para vida selvagem, cada vez mais rara e ameaçada e que também luta contra o calor.

Animais, pessoas e calor

“Colocar pratos de água doce no jardim ou na varanda pode fazer toda a diferença para os animais selvagens. Aves e outros seres apreciarão a comida que lhes oferecemos em qualquer época do ano, mas durante o verão o solo pode endurecer, tornando a vida mais difícil aos animais de rua. As plantas também sofrem com o calor e por isso, devemos aprender qual o melhor momento para regá-las“, aconselha.

“Cuidado também com os animais de estimação”, alerta. “Nunca os deixe em carros – nem, naturalmente, pessoas – pois as consequências podem manifestar-se de forma rápida e fatal. É melhor passear com os animais de estimação de manhã ou à noite, quando o pavimento e a superfície do solo estão mais frios.

As alterações climáticas estão a provocar o aumento das ondas de calor. Um estudo revelou que alguém nascido em 1960 tem, em média, probabilidade de passar por cerca de quatro ondas de calor, enquanto alguém nascido em 2020 provavelmente passará por 30, por causa do aquecimento global de 1,5 graus. Temos 50% de probabilidades de atingir esse patamar nos próximos dez anos. Portanto, “proteger-se do calor pode parecer senso comum, mas pode ser a diferença entre a vida e a morte”, adverte Chloe Brimicombe, especialista em Alterações Climáticas e Saúde da Universidade de Reading, no Reino Unido.

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